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ONGs criticam UE por falta de compromisso em Copenhague

Publicado 09.12.2009, 12:28
Atualizado 09.12.2009, 12:42

Nuria Vicedo.

Copenhague, 9 dez (EFE).- As ONGs reunidas na cúpula da ONU sobre mudança climática (COP15) reprovaram hoje a falta de "clareza" da União Europeia (UE) e pediram aos países do bloco que se comprometam com uma redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) em 40%.

Segundo a rede Climate Action Network International (CAN), que reúne 500 organizações, o objetivo atual de reduzir os gases do efeito estufa em 20% a respeito de 1990 não representa nenhum esforço adicional para a UE e é "insuficiente" para limitar o aquecimento global em 2 graus.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) recomenda que as emissões de efeito estufa sejam reduzidas em 25% a 40% até 2020 (a respeito de 1990), para evitar que as temperaturas aumentem mais de 2 graus acima do nível de 1900, algo que poderia ter consequências catastróficas para o planeta.

O diretor do programa europeu da organização ambientalista WWF, Jason Anderson, criticou que a UE proponha aumentar seus planos de redução a 30% como "moeda de troca" para que outros países aumentem seus compromissos.

"Os 30% devem ser fixados como objetivo principal na cúpula da UE que começa amanhã. A proposta de aumento adicional deve ser estabelecida em 40%. É a única maneira de agir de forma decidida contra o aquecimento global", afirmou.

Segundo ele, se a Europa mantiver seu objetivo em 20%, "dará as costas" a um processo de conscientização sobre a mudança climática "que liderou durante a última década".

"Isso não só seria autodestrutivo, mas colocaria em risco qualquer esperança de alcançar um acordo climático e toda possibilidade de salvar o planeta", disse.

Quanto ao financiamento da adaptação à mudança climática nos países em vias de desenvolvimento, que deve ser oferecido pelos países ricos, Anderson argumentou que a UE deveria assumir um terço das despesas.

"Dos US$ 100 bilhões que se estima que serão necessários em 2020, a Comissão Europeia (órgão executivo da UE) calcula que sua obrigação é oferecer entre US$ 2 bilhões e US$ 15 bilhões. Isso é ainda menos do que fornecem agora", criticou.

Sobre o rumo da cúpula, Kim Carstensen, da WWF, disse que as negociações estão se desenvolvendo dentro de uma "atmosfera positiva", mas ressaltou que os negociadores técnicos "podem decidir pouco" quanto aos objetivos finais de redução de CO2 e à mitigação dos efeitos da mudança climática.

"Para as decisões reais, será preciso esperar a chegada dos representantes ministeriais, neste fim de semana, e dos chefes de Estado e de Governo, no final da próxima semana", disse.

Aiden Meyer, da União de Cientistas Preocupados (UCS, em inglês), disse que Washington "não tem liberdade ilimitada" para propor uma redução "ambiciosa" de emissões até que conclua o processo parlamentar em seu país, mas acrescentou que "pode melhorá-la".

Afirmou que a Administração do presidente americano, Barack Obama, deve "recuperar o ritmo", após os "anos perdidos" pelo Governo de George W. Bush, e disse que a pressão do "setor do petróleo" está impedindo que os EUA "deem um salto adiante decisivo".

No entanto, elogiou que Obama esteja planejando um projeto para financiar medidas a fim de reduzir o desmatamento em países em desenvolvimento, o que se traduziria em uma queda das emissões "fora dos EUA".

A redução de emissões causadas pelo desmatamento e pela degradação das florestas e a preservação dessas áreas são outros temas relevantes debatidos em Copenhague.

O diretor-geral do Centro para Pesquisa Florestal Internacional (Cifor, em inglês), Francis Seymour, reivindicou hoje a criação de um "mecanismo global" que pague aos países em vias de desenvolvimento para proteger suas florestas e reduzir as emissões pelo desmatamento e degradação das matas.

"O desmatamento representa até 20% das emissões de gás de efeito estufa, mais que todo o setor dos transportes", afirmou.

Seymour defendeu que a cúpula estabeleça quem são os donos das florestas e do CO2 que armazenam, e que sejam fixados sistemas justos nos pagamentos por serviços ambientais, para preservar as florestas. EFE

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