Luis Lidón.
Viena, 17 jan (EFE).- A Opep culpou nesta segunda-feira a especulação pela escalada nos preços do petróleo, que se aproximam dos US$ 100, e elevou ligeiramente a demanda mundial pelo impulso das economias emergentes.
"Fica evidente que a situação econômica se esclareceu com relação há um ano, especialmente em economias importantes como China e Índia, que vão continuar influindo na direção do mercado petroleiro", indicou a Opep em seu relatório mensal publicado nesta segunda-feira em Viena.
O grupo, que controla 40% da produção mundial do "ouro negro", estima que ainda existem nuvens carregadas no horizonte, como a crise da dívida na zona do euro, mas o crescimento das nações emergentes e dos EUA levarão a economia mundial a crescer 3,9% em 2011.
Este crescimento se refletirá em um maior apetite por petróleo, cuja demanda crescerá em 1,23 milhão de barris diários (mbd) em 2011, ou 1,43%, até os 87,32 mbd.
Com estes dados, a Opep elevou em 50 mil barris diários a demanda e calculou que o crescimento do consumo em 2011, de 1,43%, será maior que o de 2010 (1,37%).
Como líder do crescimento da demanda se encontra a China, com um aumento de 5,1%, enquanto a América Latina consumirá 2,52% a mais de petróleo e a América do Norte 1%.
Pelo contrário, na Europa Ocidental a demanda diminuirá em 0,29% devido à instável situação econômica, ao aumento dos impostos sobre os combustíveis e às políticas de eficiência energética, segundo a Opep.
Apesar destas previsões, "o mercado do petróleo enfrenta grandes incertezas" e dependerá do desempenho da economia mundial este ano, especialmente de como os planos de austeridade e as crises do euro afetarão o Velho Continente.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) considera que "o mercado está bem abastecido" e que as altas do petróleo nas últimas semanas, da ordem de 15%, se devem em grande parte à especulação.
"Um crescente apetite pelas matérias-primas por parte dos investidores elevaram os preços", afirmou a Opep em sua análise, precisando que as posições especulativas no mercado do petróleo alcançaram um recorde na semana de 28 do dezembro.
Na mesma linha se manifestou, nesta segunda-feira, o secretário-geral da Opep, o líbio Abdalla Salem EL-Badri, que acrescentou que a organização não prevê abrir mais as torneiras porque o mercado está bem abastecido.
"A Opep intervirá para estabilizar o mercado quando houver algum desequilíbrio. Mas a Opep não vai intervir pelos especuladores", afirmou em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal econômico "WirtschaftsBlatt".
"Os especuladores utilizaram a oportunidade de disparar os preços. Temos que esperar. Os preços levam só duas ou três semanas em alta", assegurou El-Badri.
"Não queremos que a economia mundial se freie por um preço alto do petróleo. Sempre reagimos a uma maior demanda, como foi o caso de 2004 e 2005, quando bombeamos mais petróleo. Mas agora o mercado está mais que coberto", explicou o secretário-geral da Opep.
Em qualquer caso, El-Badri assegurou que a Opep intervirá quando ocorrer uma situação de desequilíbrio no mercado e que organizará uma cúpula extraordinária antes da próxima reunião ministerial, prevista para junho, em Viena.
Em um momento de incerteza econômica, o cru, da mesma forma que outras matérias-primas, se transformou em um porto seguro, o que atraiu muito dinheiro que também contribuiu para escalada das últimas semanas, segundo os analistas.
Alguns membros da Opep, como Venezuela, Irã e Líbia, afirmaram que o preço "justo" do petróleo são US$ 100 por barril, por isso rejeitam que os atuais valores sejam negativos para a economia mundial. EFE