Wanda Rudich.
Viena, 11 nov (EFE).- A Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) anunciou hoje que a demanda mundial de petróleo deve
cair 1,63% neste ano em relação a 2008 e crescerá 0,89% em 2010, em
números levemente mais positivos do que os publicados há um mês.
"A maioria dos sinais apontam para um maior crescimento da
demanda mundial de petróleo em 2010; no entanto, os fatores de
riscos sublinham a necessidade de cautela", diz a Opep em seu
relatório mensal.
Um desses fatores de risco é o próprio preço do petróleo, já que,
caso suba, ameaçam prejudicar a incipiente recuperação da demanda
esperada para 2010.
O documento publicado hoje calcula o consumo global de petróleo
neste ano em 84,31 milhões de barris diários (mbd), 80 mil barris
diários a mais do que o previsto no relatório anterior.
Com isso, a demanda se retrai em 1,39 mbd em relação ao ano
passado.
"Apesar de sinais indicativos de uma demanda petrolífera mais
forte, parece que o fraco consumo nos Estados Unidos junto a uma
desvalorização do dólar anulará um desenvolvimento positivo (do
consumo de petróleo) no quarto trimestre (de 2009)", adverte a Opep.
Partindo deste baixo nível, os especialistas da organização
esperam uma recuperação do consumo em 2010, com um moderado aumento
anual de 0,75 mbd, até uma média de 85,07 mbd, volume superior ao
calculado há um mês, mas que continua muito abaixo do consumido
antes da crise atual.
Segundo a Opep, o mundo deve exigir dos 12 países-membros da
entidade 28,7 mbd de petróleo em 2009 e 28,5 mbd em 2010, níveis
inferiores ao fornecimento de outubro, de 28,99 mbd.
"Uma recuperação da economia potencialmente fraca junto a preços
mais altos do petróleo são os dois principais fatores que podem
frear a demanda no ano que vem", reconhece a Opep, cujos integrantes
controlam quase 40% da produção petrolífera mundial.
Além disso, o relatório da Opep, o último antes da cúpula da ONU
sobre a mudança climática, aponta medidas de economia energética e
de desenvolvimento procedentes de fontes alternativas que possam
influir no consumo.
A organização adverte que o Reino Unido "está embarcando em
quatro novos cenários para reduzir emissões e aumentar a dependência
de biocombustíveis".
"Caso adotados, esses cenários no longo prazo não só aumentarão
em 25% a conta dos consumidores de energia, mas também os preços dos
alimentos", destaca a Opep, após ressaltar o alto custo dos
subsídios aos investimentos nessas fontes alternativas.
Ao mesmo tempo, o organismo calcula que a demanda nos países
desenvolvidos retrocederia em 1% caso os preços do barril de
petróleo subam e se mantenham acima do nível atual.
A desvalorização do dólar e a recuperação dos mercados
financeiros impulsionaram uma alta no valor do petróleo em outubro,
quando o barril da Opep foi vendido a uma média de US$ 72,67, 8% a
mais do que em setembro.
A tendência de alta se manteve e esse barril, calculado com base
em 12 tipos de petróleo, foi cotado ontem a US$ 76,50, diz o
relatório.
"A recente volatilidade dos mercados sugere que os preços do
petróleo poderão permanecer na faixa alta dos US$ 70 no futuro
próximo", apontam os especialistas, lembrando que as oscilações no
valor do produto continuarão dependendo das mudanças do dólar e dos
dados sobre a economia mundial.
A Opep deve se reunir no dia 22 de dezembro em Luanda para
revisar a situação do mercado e eventualmente reajustar o nível de
sua oferta. EFE