Bruxelas, 2 ago (EFE).- A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou nesta terça-feira que a queda do líder líbio Muammar Kadafi é questão de tempo e defendeu a continuidade de suas operações armadas durante o Ramada, mês sagrado muçulmano.
"O regime de Kadafi está cada vez mais isolado. A questão não é se Kadafi renunciará, mas quando", declarou em entrevista coletiva a porta-voz da Aliança Atlântica Carmen Romero.
Passados quatro meses desde que assumiu o comando das operações internacionais na Líbia, a Otan mantém a pressão sobre Trípoli, mas não quantifica que percentagem da maquinaria militar de Kadafi foi destruída.
"O que importa é o efeito global da campanha, não as porcentagens. Todos os dias salvamos vidas e isso é o mais importante", ressaltou Carmen.
Nos primeiros dias de sua missão, a organização informou que tinha destruído 30% da capacidade de Kadafi, mas desde então considera difícil quantificar os avanços neste sentido.
Segundo a Otan, a força militar do regime está "consideravelmente" reduzida e isso é comprovado pelo número "relativamente baixo" de ataques a civis nos últimos dias.
No entanto, as forças de Kadafi seguem bombardeando ocasionalmente a cidade de Misrata e, segundo informações não confirmadas pela Otan, poderiam ter recuperado o controle de uma cidades nas montanhas de Nafusa.
Nessa região estão concentrados os principais combates entre o regime e os rebeldes, explicou nesta terça-feira o porta-voz da missão aliada na Líbia, o coronel canadense Roland Lavoie, em uma teleconferência desde Nápoles, onde a Otan coordena sua operação no país norte-africano.
Os rebeldes controlam atualmente as principais rotas dessa região, o que, de acordo com o porta-voz, está facilitando a chegada de ajuda humanitária à população desde a vizinha Tunísia.
Lavoie também defendeu a continuidade dos ataques da Otan durante o Ramadã e os justificou pela necessidade de proteger a população das forças de Kadafi.
"A Otan e seus sócios têm um profundo respeito pelos muçulmanos e sua fé. Compartilhamos um respeito comum pela vida humana", considerou o porta-voz, acrescentando que para que a Aliança declare o cessar-fogo Trípoli precisa cessar seus ataques e devolver suas tropas às bases.
Os países participantes da missão concordaram em manter as atividades durante o Ramadã no dia 15 de julho, durante uma reunião em Istambul e após ter consultado vários países árabes.
Além disso, a organização defendeu nesta terça-feira o ataque realizado na semana passada contra várias antenas parabólicas utilizadas para transmissões da televisão estatal líbia. De acordo com Lavoie, a ação é justificável, pois o canal estava incitando a violência.
Para a Otan, além de ser apoiada pelas Nações Unidas, essa operação representou uma "clara mensagem que se atuará contra armamento convencional, mas também contra meios usados pelo regime para estimular ataques contra os civis". EFE