Khaled Abdullah.
Sana, 4 jun (EFE).- O mistério sobre a localização e as condições de saúde do presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, ferido na sexta-feira em um atentado, continua neste sábado após a transferência para hospitais sauditas de vários responsáveis do Governo que estavam com ele no ataque.
Cinco altos cargos, entre eles o primeiro-ministro Ali Mohammed al Muyawar, viajaram nesta madrugada à Arábia Saudita para serem tratados dos ferimentos sofridos na explosão, informou neste sábado à Agência Efe uma fonte de alto escalão do Governo, que pediu o anonimato.
Junto a Muyawar foram transferidos em um avião os presidentes da Câmara Alta e Baixa do Parlamento, Yahia al-Rai e Abdul Aziz Abdul Ghani; o vice-primeiro-ministro para Assuntos de Defesa e de Segurança Rashad al-Alimi e o secretário adjunto do governante Partido do Congresso Geral Popular, Sadiq Amin Abu Ras.
Em seguida vários meios de comunicação internacionais apontaram para a possibilidade de Saleh ter viajado também à Arábia Saudita para tratar-se dos ferimentos causados pelo impacto de um projétil em uma mesquita do complexo presidencial, onde estava rezando na companhia de outros responsáveis governamentais.
Pouco depois, uma fonte da Presidência afirmou à agência de notícias estatal iemenita, "Saba", que o líder não havia viajado à Arábia Saudita e que estava no país.
A partir de Riad, tanto o Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico (CCG), que intermediou a crise iemenita e tem sede nesta capital, quanto o Ministério de Exteriores saudita negaram que Saleh tivesse sido transferido para o local.
Neste sábado, pouco depois do atentado, um assistente da Presidência afirmou que Saleh havia sofrido ferimentos leves na parte posterior da cabeça pela explosão, e várias fontes do Governo garantiram que iria dar entrevista coletiva e um discurso ao povo para demonstrar que estava bem.
No entanto, no final só foi divulgado na sexta-feira à noite um áudio pela televisão estatal com uma mensagem de Saleh na qual era possível ver que respirava com dificuldade. Ao longo deste sábado não vazou nenhuma informação sobre seu estado de saúde ou o local exato onde está.
Alguns analistas, que pediram não serem identificados, explicaram à Efe que o fato de Saleh não ter aparecido em público significa que tem ferimentos na face e são sérios.
Na opinião deles, o presidente iemenita não viajou pelas circunstâncias delicadas pelas quais atravessa o país e para não dar a oportunidade a seus inimigos de tomarem o poder.
Neste sábado o país vive um ambiente de relativa calma em Sana com o início de um cessar-fogo, desejado pela Arábia Saudita, entre as forças do Governo e os milicianos do líder tribal opositor Sadiq al Ahmar.
Na sexta-feira na gravação de áudio Saleh acusou Ahmar, dirigente da tribo Hashed, e a seus irmãos de estarem por trás do atentado e clamou vingança contra eles, enquanto o chefe tribal negou em comunicado qualquer envolvimento.
Os choques armados entre as forças do regime e os partidários de Ahmar explodiram 23 de maio depois que Saleh rejeitasse pela terceira vez assinar uma iniciativa apresentada pelos países do Golfo Pérsico para transferência pacífica do poder.
Enquanto isso, na cidade sulina de Taiz, o chefe da Polícia da província do mesmo nome ficou ferido com gravidade neste sábado em um ataque lançado por um grupo armado, assinalaram à Efe fontes dos corpos de segurança.
Segundo as fontes, o general Abdullah foi atacado por homens armados, supostamente da oposição política, em uma rua de Taiz, a segunda principal cidade do Iêmen.
Além disso, dois agentes ficaram feridos pelo impacto de uma bomba contra a sede do Departamento de Segurança Política (serviços secretos) nesta localidade.
Testemunhas informaram ainda que um grupo armado saqueou o prédio do Conselho Provincial de Taiz após enfrentar os guardas da instituição.
Também foram atacados escritórios da empresa estatal de água, da Comissão Eleitoral Suprema e da agência de notícias oficial "Saba".
Os ataques ocorrem depois que no domingo as forças de segurança desalojassem com o uso de força milhares de manifestantes opositores da praça Hurreya (a liberdade), no centro de Taiz, perto do Conselho Provincial. EFE