Rio de Janeiro, 1 set (EFE).- O presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, descartou hoje que as novas regras anunciadas pelo
Governo para a prospecção das jazidas da camada pré-sal possam
afugentar as petrolíferas estrangeiras.
Gabrielli afirmou, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, que
as grandes multinacionais do petróleo estão preocupadas em ter
acesso às novas reservas sem se importar se terão que fazer isso
como concessionárias, como operadoras ou como prestadoras de
serviços.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem o marco
regulador do pré-sal, o novo horizonte de prospecção de
hidrocarbonetos descoberto em águas muito profundas do Oceano
Atlântico e que pode transformar o Brasil em um dos maiores
produtores mundiais de petróleo.
Segundo a nova regulamentação, as reservas desta área pertencem
ao Estado brasileiro e serão exploradas por consórcios que contarão
com uma participação da Petrobras de no mínimo 30%.
Os consórcios terão que compartilhar o petróleo extraído com o
Estado brasileiro e pagarão os royalties e taxas respectivas.
Além de poder obter a prospecção de algumas áreas do pré-sal sem
disputar com outras empresas e de ter participação em todos os
consórcios que atuarão na região, a Petrobras também será operadora
em todos os projetos.
Segundo Gabrielli, nenhuma dessas limitações impedirá que as
empresas privadas se interessem em investir nas áreas do pré-sal que
o Estado brasileiro estiver disposto a compartilhar.
O presidente da Petrobras explicou que, diante da atual escassez
de descobertas, as grandes multinacionais estão aceitando ser
contratadas como prestadoras de serviços em diferentes países.
"As grandes empresas estão assinando contratos de serviços. A BP
assinou um contrato pelo qual aceitava US$ 2 por barril extraído no
Iraque. A Shell também", afirmou o executivo.
"As petrolíferas estão mais preocupadas com o acesso a reservas.
Por isso vão vir (ao Brasil). Porque encontrarão viabilidade
econômica nos projetos", acrescentou.
Gabrielli sustentou que, por ser considerada uma das empresas com
mais experiência e conhecimentos mundiais na prospecção de petróleo
em águas muito profundas, as outras petrolíferas estarão
interessadas em se associar à Petrobras e a aceitá-la como operadora
nos consórcios.
"Não somos os piores. Somos os melhores. E estar ao lado do
melhor sempre é bom. Não vejo por que razão não viriam", disse.
O presidente da Petrobras disse que a possibilidade de ter
reservas gigantescas de propriedade do Estado permite ao Brasil
garantir que os abastecedores também sejam brasileiros.
"Seria uma irresponsabilidade se não usássemos esse poder de
negociação para desenvolver a cadeia produtiva brasileira e evitar a
maldição do petróleo", acrescentou, ao se referir aos problemas
enfrentados por grandes produtores que são dependentes do petróleo e
não desenvolveram sua indústria.
Gabrielli esclareceu que as reservas já comprovadas no pré-sal
ficam entre 9 bilhões e 14 bilhões de barris de petróleo, o
equivalente às atuais reservas brasileiras. EFE