Rio de Janeiro, 21 set (EFE).- O preço do petróleo e do etanol subirão de forma contínua até 2020 devido ao encarecimento dos custos de produção e outros fatores, o que significará um empecilho ao crescimento econômico mundial, diz um relatório divulgado nesta quarta-feira pela empresa de consultoria Ernst & Young e a Fundação Getulio Vargas (FGV).
A pesquisa mostra que neste ano o petróleo assumirá uma tendência de alta, que elevará o preço do barril a uma margem de US$ 120 a US$ 134 no final da década.
"A época do petróleo barato acabou", disse nesta quarta o coordenador do estudo, Fernando Blumenschein, ao apresentar o documento no Rio de Janeiro.
O estudo teve como base o preço de US$ 89 o barril, próximo aos US$ 86,06 do petróleo tipo Texas na abertura da Bolsa Mercantil de Nova York nesta quarta-feira.
O encarecimento dos combustíveis é um fator que deve frear o crescimento de praticamente todos os países, e que diminuirá em 0,52% o Produto Interno Bruto (PIB) mundial a cada ano até o final da década, diz a pesquisa.
No melhor cenário, o encarecimento do petróleo será de 35%, e o barril chegará a US$ 120 em 2020, preço ao qual seria necessário somar a alta da inflação. Na pior perspectiva, a alta seria de 60%, e o petróleo chegaria a US$ 134 por barril.
No Brasil, a alta média será menor, de 18,7%. O reflexo desse aumento na economia dependerá do repasse final nos preços, já que a Petrobras exerce controle sobre os valores da gasolina e do etanol praticados diretamente ao consumidor.
Entretanto, o estudo afirma que mais cedo ou mais tarde os preços no Brasil devem acompanhar os do mercado interncional. Sendo assim, o preço da gasolina pode ter um aumento de 41% em relação ao que é cobrado atualmente.
O fator que mais pesará na alta de preços é a lentidão no aumento da oferta, que não acompanhará o ritmo crescente da demanda mundial. O Brasil terá um aumento de 29% na demanda, que representará 4% da demanda mundial até 2020.
A oferta mundial passará dos atuais 80 milhões de barris diários para cerca de 85 milhões no fim da década, em parte devido à produção nos campos petrolíferos em águas profundas do Brasil ou do golfo da Guiné, onde o custo de extração é mais caro.
O estudo estima que a exploração e a produção do petróleo no pré-sal atrairá investimentos de US$ 250 milhões em dez anos para o Brasil. Entretanto, as exportações provenientes do pré-sal devem significar um aumento de apenas 0,4% para o PIB, ressaltando a necessidade de investimentos no refino do petróleo para agregar mais valor.
A demanda apoiada no crescente consumo dos países emergentes exigirá um aumento da produção de petróleo pesado, como o da Venezuela ou Canadá, que são mais caros de refinar.
O documento também mostra que as tentativas de implantar fontes energéticas alternativas serão insuficientes para atender ao crescimento econômico mundial, que continuará dependente do petróleo.
Uma das principais alternativas ao petróleo, o etanol, terá altas ainda maiores, de 99% a 154%, o que colocará o preço deste combustível na faixa de US$ 292 a US$ 374 por barril de petróleo equivalente (boe).
O estudo considera que Brasil e Estados Unidos continuarão responsáveis por 90% da produção mundial de etanol, enquanto o consumo mundial, atualmente também concentrado nestes dois países, se diversificará. EFE