Madri, 29 jun (EFE).- Um grupo de especialistas de origem sérvia utilizou um elaborado plano para enganar uma joalheria espanhola e roubar joias avaliadas em mais de US$ 8 milhões, entre elas uma tiara que poderia ter pertencido à ex-primeira-dama argentina Evita Perón.
A Polícia espanhola detalhou nesta quarta-feira a operação que recuperou as joias e prendeu os supostos delinquentes em entrevista coletiva em Madri.
As joias, recuperadas em colaboração com a Interpol, foram roubadas em uma joalheria da cidade espanhola de Valência, cuja proprietária esteve presente nesta quarta-feira na entrevista coletiva.
Os sete supostos autores do roubo, que pertencem a um mesmo clã familiar, foram detidos na Suíça, França e Itália e posteriormente extraditados à Espanha, informou o chefe da Unidade de Delinquência Especializada e Violenta da Polícia, Serafín Castro.
Os detidos arquitetaram uma complexa fraude com a qual se apoderaram de 10,5 milhões de euros (equivalente a US$ 15,1 milhões) em joias, na qual fizeram-se passar por xeques árabes para enganar a dona da joalheria e conquistar sua confiança.
O engano foi muito elaborado e, segundo a Polícia espanhola, começou em novembro de 2006, quando dois jovens que falavam italiano, de aspecto impecável, adquiriram joias avaliadas em 20 mil euros (quase US$ 30 mil) nessa joalheria de Valência.
Três anos depois entraram em contato de novo com a dona da joalheria para apresentá-la a um suposto xeque árabe interessado em realizar um grande investimento em joias para suas esposas.
Um dos membros do grupo se fez passar pelo falso xeque que andava em uma limusine acompanhado sempre por uma de suas mulheres - com burka - e um suposto secretário.
Após uma primeira reunião em um hotel na qual propôs a compra de uma série de joias no valor de mais de 10 milhões de euros, foi a um novo encontro em companhia de outro homem que fazia às vezes de gemólogo para estudar as joias.
O negócio foi fechado e entraram em um acordo de realizar o pagamento em dinheiro, e para isso uma funcionária da joalheria se reuniu com o também falso banqueiro do xeque e começaram a contar as notas.
À medida que contavam as cédulas (operação que durou sete horas), guardaram o montante nas gavetas de uma mesa, mas o móvel contava com um fundo falso em cujo interior havia escondida uma pessoa de baixa estatura que trocava o dinheiro verdadeiro por notas falsas.
Já na loja, a joalheira se dispôs a inspecionar novamente as cédulas antes de entregar as joias, mas a empurraram e os ladrões se apoderaram do dinheiro sob ameaça de morte.
Entre as peças roubadas destaca uma tiara doada pelo rei da Holanda na década de 1950 do avaliada em 4 milhões de euros, vários anéis e um par de brincos.
O comissário-chefe explicou que todos os indícios apontam que essa tiara pertenceu a Evita Perón mas, assegurou, que em qualquer caso haverá que "verificá-lo e prová-lo cientificamente". EFE