Lisboa, 8 jul (EFE).- Portugal chegou nesta sexta-feira ao fim de uma semana especialmente prejudicial para seus juros, transformado novamente no epicentro da instabilidade financeira que assola a Europa e pressionado de forma asfixiante pelos mercados que desconfiam de suas promessas.
A decisão da agência de classificação Moody's de rebaixar a nota da dívida portuguesa até considerá-la como "bônus lixo" abriu a Caixa de Pandora em um momento de relativa estabilidade para o país, que acabou de eleger um Governo conservador comprometido a cumprir seus compromissos com todo rigor.
Nesta sexta-feira, a pressão sobre os juros que penalizam a dívida lusa no mercado secundário foi moderada - inclusive os juros em alguns prazos registraram uma leve queda, após o descontrole da última quarta-feira.
No entanto, as obrigações portuguesas a dez anos terminaram a semana com juros de 12,94%, ligeiramente menor que na quinta-feira, mas exatamente dois pontos percentuais acima da taxa registrada na sexta-feira da semana passada.
Os títulos a dois e cinco anos dispararam ainda mais - mostrando que as dúvidas dos investidores são maiores em curto prazo - e atingiram o patamar de 17% e 16,5%, respectivamente.
Já a Bolsa de Lisboa, que sofreu a pior queda de 2011 na quarta-feira (3%), registrou nesta sexta-feira uma nova baixa, de 1,43 %.
Pela primeira vez desde que os mercados começaram a intensificar sua pressão sobre Portugal há mais de nove meses, o rebaixamento por parte da Moody's foi contestado publicamente por todos os quadros da sociedade lusa, quase em uníssono.
O chefe de Estado, o conservador Aníbal Cavaco Silva, que vem alertando nos últimos anos os perigos de um déficit público cada vez mais elevado, considerou um "escândalo" a nova nota portuguesa e advertiu que estas agências representam "uma ameaça para a economia europeia".
Ainda nesta sexta-feira, o sindicato luso UGT - de orientação socialista - exigiu ao Governo de Portugal que deixe de pagar pelos serviços das entidades de fiscalização, enquanto as Prefeituras de Lisboa e Porto anunciaram que suspenderão seus contratos com a Moody's. EFE