Lisboa, 1 fev (EFE).- Portugal voltou a melhorar seu resultado em um leilão de dívida a curto prazo de 1,5 bilhões de euros a uma taxa de juros menor, apesar do aumento da pressão que exercem os mercados sobre o país.
Concretamente, os investidores compraram bônus a três meses no valor de 750 milhões de euros em troca de uma rentabilidade de 4,07%, quase três décimos a menos que no último leilão, há apenas duas semanas.
O Tesouro português também colocou outros 750 milhões de euros em títulos com vencimento a seis meses com um juros de 4,46%, uma taxa três décimos inferior à registrada na emissão de 18 de janeiro.
Os dados deste último leilão demonstram que os investidores confiam que o país cumprirá com seus compromissos financeiros a curto prazo, enquanto ao mesmo tempo aumentam suas dúvidas sobre o que ocorrerá a longo prazo.
A demanda nas operações desceu com relação à registrada há 15 dias, apesar de a oferta ter sido praticamente triplicada.
Os juros obtidos nesta quarta-feira para sua linha a três meses representam a menor taxa registrada desde 20 de abril de 2011 (4,05%), que foi o primeiro leilão de dívida de Portugal após seguir os passos da Grécia e Irlanda e solicitar o resgate financeiro da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.
No entanto, a rentabilidade é significativamente mais elevada do que era antes da crise, no início de 2010, quando pela dívida a três e seis meses os juros eram inferiores a 1%.
Foi justamente o progressivo encarecimento de seu acesso a financiamento através deste tipo de emissões que levou Portugal a pedir ajuda externa no ano passado.
Desde então, o país apenas pode leiloar dívida a curto prazo, enquanto a longo prazo é utilizado como referência os dados registrados no mercado secundário, onde os investidores compram e vendem os títulos adquiridos em emissões como a desta quarta-feira.
Neste mercado secundário, os bônus portugueses a dez, cinco e dois anos renovaram mais uma vez esta semana seus máximos históricos até superar 17, 22 e 21% de juros, respectivamente, níveis tão altos como os que a Grécia apresentava há apenas cinco meses.
O bônus alemão a dez anos, valor com o qual é comparado o restante dos países europeus, ronda atualmente 1,8% de juros.
Embora desde a segunda-feira tenham descido quase um ponto, as elevadas taxas exigidas pelos investidores para comprar os bônus portugueses a dez, cinco e dois anos - consideradas inatingíveis pelos analistas - revelam que a incerteza persiste e complicam o objetivo de Portugal de retornar ao mercado para emitir dívida a longo prazo durante 2013.
Este temor fez disparar as especulações sobre a possibilidade de que o país necessite de um segundo resgate para cumprir com seus compromissos financeiros, possibilidade rejeitada várias vezes por seu Governo, que afirma que não pedirá nem mais tempo nem mais dinheiro. EFE