Flora Alexandrou.
Atenas, 28 jun (EFE).- Raivosos, confusos e temerosos diante de um futuro incerto, milhares de 'indignados' gregos estiveram nesta terça-feira na praça Syntagma para protestar contra as medidas de austeridade que podem ser adotadas na quarta-feira pelo Governo.
Cerca de 3 mil manifestantes se concentraram na praça, que se transformou no epicentro do descontentamento popular da Grécia, imersa na mais profunda crise desde a volta à democracia em 1974, e que ameaça arrastar toda a Eurozona.
Os gregos enfrentam os dias mais cruciais em sua história recente no meio de uma greve geral, à espera que o Parlamento adote o mais recente pacote de austeridade, que inclui mais cortes de salários, aumentos de impostos e privatizações representando um volume total de 78 bilhões de euros.
O descontentamento no país é enorme, especialmente na praça Syntagma, onde se reúnem os autodenominados 'indignados', que costumam desdobrar bandeiras da Espanha, onde nasceu este movimento apartidário, e do Egito, símbolo que o protesto popular pode derrubar longas tiranias.
Entrevistados pela Agência Efe, alguns destes manifestantes expressaram sua frustração com as classes dominantes, sejam políticas, econômicas ou midiáticas. "Não podemos continuar vivendo com esta crise econômica. As classes altas também devem contribuir. Até agora os ricos não deram nada", disse o aposentado Yiannis, de 63 anos.
Já Eleana Georgulli, uma jovem atriz de 24 anos, revela ter medo do futuro. "Estamos furiosos e indignados. E não sabemos se temos futuro. Não sabemos se vamos poder casar e ter filhos", lamentou.
Sua amiga Despina Aslanoglou, de 25 anos, concorda que o futuro "não só é incerto" mas também está marcado pelo que qualifica de grande pessimismo.
"Agora a única coisa que podemos fazer é tentar sobreviver. Nossa sociedade está confusa porque não nos informam bem sobre a real situação da crise. Os meios de comunicação não apresentam bem a realidade", reclamou.
No meio de cartazes com palavras de ordem, Katerina, outra aposentada, afirmou que decidiu participar dos protestos para reivindicar "uma vida melhor para todos", principalmente para os jovens.
"Tenho dois filhos e ambos estão sem trabalho. Estas medidas que o Governo pretende adotar são difíceis, não só para nós, mas para toda a União Europeia (UE) que começa a ter mais ou menos os mesmos problemas", declarou.
A Grécia se aproxima perigosamente da quebra, se o Parlamento não adotar as medidas de economia esta semana, uma condição para que a UE siga apoiando o país economicamente.
Milhares de policiais estão espalhados pela terça-feira pelo centro de Atenas para evitar distúrbios nas manifestações e garantir a segurança dos políticos. Na semana passada os 'indignados' tentaram organizar uma corrente humana para impedir o acesso dos deputados no dia do voto de confiança ao novo gabinete socialista, mas a Polícia criou um corredor de segurança para permitir o acesso ao edifício. EFE