MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu aos líderes asiáticos a estabilidade e a unidade da Rússia nesta terça-feira, em sua primeira aparição em um fórum internacional desde que o país foi abalado por um breve motim armado no mês passado.
"O povo russo está consolidado como nunca antes", disse Putin em uma reunião virtual da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), um grupo que também inclui a China e a Índia.
"Os círculos políticos russos e toda a sociedade demonstraram claramente sua unidade e elevado senso de responsabilidade pelo destino da pátria quando responderam como uma frente unida contra uma tentativa de motim armado."
A ênfase de Putin na unidade da Rússia em uma reunião com os principais aliados pareceu mostrar o quanto ele está empenhado em eliminar quaisquer dúvidas sobre sua própria autoridade no cenário mundial após o curto motim liderado pelo fundador do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, no final do mês passado.
Os combatentes da Wagner assumiram o controle de uma cidade do sul e avançaram em direção a Moscou em 24 de junho, confrontando Putin com o mais grave desafio ao seu poder desde que assumiu o cargo de líder supremo da Rússia no último dia de 1999.
O motim foi neutralizado em um acordo intermediado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko. Desde então, Putin agradeceu seu Exército e serviços de segurança por terem evitado o caos e a guerra civil.
Em seu discurso, Putin agradeceu aos membros da SCO que, segundo ele, expressaram seu apoio aos seus esforços para "proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança dos cidadãos".
Ele disse a eles que a Rússia enfrentaria a pressão ocidental, as sanções e as "provocações" impostas pelo que Moscou chama de "operação militar especial" na Ucrânia.
Ele disse que Moscou planejava aumentar os laços com a SCO e apoiava a transição para acordos em moedas locais no comércio exterior.
A Rússia considera países como a China, a Índia e o Irã -- o mais novo membro da SCO -- como parceiros-chave no confronto com os Estados Unidos e na resistência ao que ela retrata como tentativas dos EUA de ditar a ordem mundial.
Putin disse ao grupo que havia um risco crescente de uma nova crise econômica e financeira global, alimentada pelas dívidas dos países desenvolvidos e pela piora da segurança alimentar e ambiental.
"E todos esses problemas, cada um dos quais é complexo e diverso à sua própria maneira, em sua totalidade levam a um aumento notável no potencial de conflito", disse ele.
(Reportagem da Reuters)