Bruxelas, 13 jul (EFE).- As dúvidas da Alemanha não permitiram a convocação para sexta-feira de uma cúpula extraordinária dos países do euro para tentar frear o recrudescimento da crise da dívida - e tudo indica que a reunião pode ser atrasada para o fim de semana.
O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, manteve nesta quarta-feira contato com as 17 capitais da zona do euro, enquanto sua equipe já dava como certa a convocação para o encontro - o que acabou não acontecendo, uma vez que os alemães pediram mais tempo para pensar em soluções.
"A cúpula vai acontecer, mas não na sexta-feira", comentaram à Agência Efe fontes europeias.
O objetivo do encontro é adotar medidas ou acordos capazes de dissipar as dúvidas dos mercados, mas Berlim argumenta que é complicado fechar um plano apenas dois dias depois da última reunião de ministros de Finanças, na qual foi constatado que persistem as diferenças sobre a resposta à crise grega.
"É preciso ter certeza que, se houver uma reunião, haverá algo específico sobre a mesa para que os chefes de estado e de Governo possam decidir", resumiram fontes germânicas.
"Se a cúpula for organizada, deve terminar com um bom resultado", concordou uma fonte holandesa, lembrando que, em todo caso, a decisão de convocar uma reunião corresponde a Van Rompuy.
Os países mais acossados pelas pressões dos mercados, por outro lado, esperam a colaboração de seus sócios europeus para adotar sem mais demora as decisões necessárias que acabem com as dúvidas que ameaçam os prêmios de risco e os mercados de valores.
O presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, pediu na terça-feira "aos poderosos da Europa" uma resposta "firme, articulada, clara e rápida" para "devolver a confiança" aos mercados.
Já a Grécia criticou nesta quarta-feira a lentidão da União Europeia e sua falta de decisão, após lembrar que as tensões não afetam apenas Atenas, mas toda Europa.
O problema de fundo está relacionado às diferenças sobre a contribuição dos credores privados à resolução da crise grega, uma das exigências da Alemanha para seguir prestando socorro a seus sócios.
Após a reunião da segunda-feira, o enfoque alemão de conseguir uma substancial contribuição dos bancos privados ao resgate da Grécia, até desencadear a declaração de uma quebra parcial da dívida grega, parecia o caminho mais provável.
No entanto, o Banco Central Europeu se opõe à ideia, por considerar que esta teria consequências piores que a queda de Lehman Brothers e aumentaria o risco de contágio.
As recentes declarações de um porta-voz alemão deixam entrever uma suavização dessa posição para vencer as resistências do instituto emissor, mas um acordo parece ainda distante.
O envolvimento do setor privado é fundamental para valorizar a situação dos países da zona do euro, de acordo com as agências de classificação de riscos, cujas notas exerceram um papel desestabilizador durante a crise.
Os prêmios de risco de países como a Espanha e Itália e as bolsas de valores europeias respiraram mais aliviados nesta quarta-feira, apesar da degradação no dia anterior da dívida irlandesa pela agência Moody's até o bônus lixo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), sócio da eurozona nos resgates, concordou que o debate sobre a participação dos credores privados representa um "enorme problema" para gerar confiança na economia grega.
Paralelamente, o FMI definiu em 71 bilhões de euros a ajuda europeia adicional para a Grécia, à qual acrescentou uma participação privada de 33 bilhões de euros. EFE