Genebra, 22 jul (EFE).- A Organização Mundial do Comércio (OMC)
revelou hoje que registrou um "leve aumento" das medidas de
restrição ao comércio entre os países, adotadas contra a crise
econômica mundial, embora essa tendência seja mantida a níveis
moderados.
Trata-se das chamadas "medidas de contingência" (como garantias,
medidas "antidumping" e direitos compensatórios) que os países da
OMC podem adotar frente a situações econômicas adversas e que estão
contempladas nos acordos internacionais vigentes.
"Não acho que estejamos em uma situação na qual necessitemos
fazer soar os alarmes, mas temos que ficar atentos", disse hoje o
diretor-geral adjunto da organização, Alejandro Jara, na
apresentação do "Relatório sobre o Comércio Mundial 2009".
O diretor-geral adjunto explicou que o estudo anual adquire uma
importância particular em tempos de crise, já que é mais provável
que os Governos utilizem essas medidas restritivas de comércio,
autorizadas pelos acordos da OMC.
As cláusulas dos acordos garantem aos Governos a flexibilidade
necessária para enfrentar períodos de crise com medidas
excepcionais.
No entanto, Jara lembrou que essas medidas têm um custo que pode
reduzir o bem-estar econômico de um país, por isso, sugeriu aos
Governos evitar adotá-las unicamente.
Jara afirmou que "os países devem respeitar não só suas
obrigações como membros da OMC, mas que se contenham no exercício de
seus direitos".
O diplomata sustentou que, para sair da crise "rapidamente e a um
custo econômico mínimo", os países deveriam mostrar sua vontade de
deixar sem efeito as medidas comerciais restritivas que possam ter
adotado até agora.
O relatório aponta que, na situação atual, também não se pode
excluir o fato de que as medidas de contingência sejam utilizadas
como um mecanismo protecionista.
A autora da análise, Roberta Piermartini, disse que as medidas de
contingência (previstas, por exemplo, para enfrentar uma situação
imprevista de concorrência das importações ou a deterioração de um
setor da produção nacional) não foram desenhadas para enfrentar uma
crise mundial.
Sobre as últimas previsões para o comércio internacional, a
economista disse que espera uma contração de 10% em 2009, mas não
anunciou qualquer previsão para 2010.
Por outro lado, afirmou que espera uma melhora nas trocas
comerciais no quarto trimestre deste ano.
Mais adiante na apresentação do relatório, o professor da
Universidade de Lausanne, Olivier Cadot, destacou que, embora o
aumento das medidas de contingência não seja alarmante, está claro
que os países em desenvolvimento foram os que mais fizeram uso
delas, em particular a Índia e a Argentina.
O acadêmico assegurou que essas medidas são dirigidas, em grande
maioria, contra outros países em desenvolvimento e várias delas
prejudicam as importações chinesas.
Cadot lembrou, além disso, que as medidas de contingência para
bloquear ou reduzir temporariamente a entrada de certos bens a um
território também podem ser manipuladas por interesses políticos e
econômicos. EFE