Londres, 23 mar (EFE).- As reservas mundiais de petróleo foram
infladas em até 30%, segundo o relatório de um antigo cientista do
Governo britânico, David King, que alertou para a escassez e o
rápido aumento dos preços em poucos anos, informa hoje o jornal "The
Daily Telegraph".
O cientista, junto a outros pesquisadores da Universidade de
Oxford (Reino Unido), argumenta que os dados oficiais estão inflados
porque, nos anos 1980, quando a concorrência neste mercado era
feroz, os países-membros da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) disseram que suas reservas eram maiores do que
realmente eram.
Segundo King, as previsões iniciais de que as reservas mundiais
seriam de 1,150 trilhão a 1,350 trilhão de barris deveriam ser
reduzidas a uma quantidade que oscilaria entre 850 bilhões e 900
bilhões.
Por isso, King acredita que, no começo de 2014, a demanda poderia
ultrapassar a oferta do produto.
Os pesquisadores dizem que é um "segredo aberto" o fato de os
países da Opep terem inflado suas reservas. Porém, a Agência
Internacional de Energia (AIE), a British Petroleum (BP), a
Administração de Informação Energética e a World Oil não levam esses
dados em conta em suas estatísticas.
O relatório também adverte que as estatísticas públicas começaram
a incorporar reservas não convencionais, como as areias betuminosas
do Canadá, nas quais o petróleo e o gás são muito mais difíceis de
serem extraídos e nunca conseguirão ser atrativas economicamente.
King destaca que, embora a AIE esteja fazendo um bom trabalho ao
alertar que são necessários mais investimentos na prospecção de
hidrocarbonetos, os Governos precisam ficar mais atentos aos dados
das pesquisas independentes.
A ideia de que as reservas de petróleo chegaram ao seu limite
está cada vez mais difundida, apesar de algumas companhias, como a
BP e a Shell, insistirem que a produção conseguirá manter seu ritmo
à medida que aumentarem as necessidades energéticas das economias
emergentes da Ásia.
Segundo King, é "preocupante" que os países ocidentais - onde a
demanda supera a produção - não levem este problema a sério,
enquanto países como a China concentram todos os seus esforços em
aproveitar ao máximo todos os recursos que têm à disposição. EFE