Londres, 24 mai (EFE).- O ministro das Finanças do Reino Unido,
George Osborne, apresentou hoje o plano de cortes dos gastos
públicos do novo Governo para reduzir em 6,25 bilhões de libras
(7,12 bilhões de euros) o avultado déficit do país.
Os cortes afetaram especialmente a área de informática do
Governo, assim como os gastos relativos a viagens de funcionários
públicos, auxílio financeiro aos recém-nascidos e aos assessores
externos financiados pela Administração pública, assim como aos
ministérios de Educação, Transporte e Trabalho e Previdência.
Junto ao titular do Tesouro, o liberal-democrata David Laws, o
secretário de Economia detalhou as áreas que serão afetadas pelas
medidas, que considerou essenciais para assegurar a recuperação
econômica, proteger empregos e manter baixas as taxas de juros.
Este é o primeiro passo do novo Governo de coalizão entre
conservadores e liberais-democratas destinado a diminuir o déficit
público - estimado em 156 bilhões de libras (177,84 bilhões de
euros) - nos próximos cinco anos.
A partir de janeiro do ano que vem, será suprimida a abertura de
uma conta bancária para os recém-nascidos com uma contribuição
inicial do Governo de 250 libras (285 euros), uma das medidas mais
populares do Governo anterior trabalhista.
A essa conta, à qual se pode acessar ao completar 18 anos de
idade, era voltada a fomentar a economia. Parentes e amigos podiam
fazer contribuições a essa conta.
Segundo Osborne, deixar de pagar aos recém-nascidos permitirá ao
Governo economizar de imediato 520 milhões de libras (592 milhões de
euros).
"Os anos de abundância do setor público terminaram, mas se
agirmos de maneira decisiva, poderemos superar esses difíceis anos
com maior rapidez", explicou Laws. Segundo ele, o Governo prometeu
cortar os gastos com cuidado e, por isso, "será um Governo
progressista, inclusive em momentos duros".
Osborne ressaltou que áreas como Defesa e Cooperação
Internacional não serão afetadas por essas decisões, que qualificou
de "urgentes" e "necessárias" para enfrentar as dívidas do Reino
Unido.
O plano foi elaborado após receber a assessoria do Banco da
Inglaterra e do Departamento do Tesouro. Segundo o Governo, a
proposta responde a uma mudança importante que está sendo tomada em
todas as partes do mundo para reduzir o endividamento.
"Em uma semana, estudou-se e determinou-se cortar 6,25 bilhões de
libras de gastos desnecessários em todo o setor público", disse
Osborne ao divulgar seu plano em entrevista coletiva no pátio do
Departamento do Tesouro.
Em matéria de educação, o ministro disse que o que se puder
economizar será reinvestido em medidas educacionais.
Entre os principais cortes anunciados hoje figuram: 683 milhões
de libras (778 milhões de euros) no Ministério de Transporte e 780
milhões de libras (889 milhões de euros) em Governo Local e de
Comunidades.
Outros cortes são: 836 milhões de libras (953 milhões de euros)
no Ministério de Negócios, 670 milhões de libras (763 milhões de
euros) em Educação e 325 milhões de libras (370 milhões de euros) no
Ministério da Justiça.
"Nossa enorme dívida pública ameaça a estabilidade financeira e,
se não for controlada, pode prejudicar a recuperação econômica",
afirmou o titular de Economia.
Durante a recente campanha eleitoral britânica, os conservadores
e os liberais-democratas não entravam de acordo sobre a necessidade
de fazer cortes ainda neste ano, mas as diferenças foram superadas
no acordo de coalizão e os dois partidos aceitaram levar adiante a
diminuição do déficit. EFE