Jairo Mejía.
Washington, 15 fev (EFE).- O anúncio de Robert Zoellick que não buscará a reeleição na presidência do Banco Mundial (BM) abre um processo de sucessão a um cargo cada vez mais influenciado por países emergentes e que, por tradição, deveria ser ocupado por um americano.
Zoellick, de 58 anos, anunciou nesta quarta-feira em comunicado que não tentará a reeleição como presidente do BM quando terminar seu mandato de cinco anos no próximo dia 30 de junho e assegurou que deixa o organismo multilateral "forte, saudável e bem posicionado para novos desafios".
O ex-subsecretário de Estado de George W. Bush e ex-executivo do Goldman Sachs foi nomeado presidente do BM em julho de 2007 em substituição de Paul Wolfowitz, que deixou a instituição após um escândalo sentimental e acusado de favorecer uma de suas subordinadas.
Em comunicado, Zoellick destacou que durante sua presidência o BM "exerceu um papel histórico durante a crise econômica mundial ao fornecer um recorde de US$ 247 bilhões para ajudar países em desenvolvimento, apoiar o crescimento e superar a pobreza".
Os fundos do BM, que Zoellick disse que agora é "mais rápido, eficiente e aberto", são fundamentais para países da África e da América Latina, que recebem ajudas ao desenvolvimento em campos como segurança alimentar, infraestruturas, educação, comércio, saúde e meio ambiente.
Além disso, Zoellick, o 11º presidente do BM, lembrou que em seu mandato foi realizado o primeiro aumento de capital da entidade em mais de 20 anos, graças à importante contribuição, mais da metade dos fundos, dos países em desenvolvimento.
"O BM reconheceu que vivemos em um mundo de múltiplos pólos de crescimento onde os conceitos tradicionais de Terceiro Mundo estão defasados e onde os países em desenvolvimento têm um papel-chave", frisou Zoellick.
O processo de seleção que se abre com a saída de Zoellick estará marcado pelo "pacto de cavalheiros" pelo qual tradicionalmente um americano ocupa a Presidência do BM, enquanto um europeu controla a direção geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A diretora geral do FMI, Christine Lagarde, foi uma das primeiras a desejar sorte na nova etapa que se abre para Zoellick e assinalou que "Bob" deixa um "histórico de conquistas das quais pode se orgulhar".
Os rumores nos bastidores de Washington apontam que a Casa Branca, que tradicionalmente nomeia o principal responsável do BM, poderia propor o ex-secretário do Tesouro Larry Summers, agora professor na Universidade de Harvard.
Como alternativas, aparecem o atual secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, que sugeriram que não continuarão em seus cargos em uma hipotética reeleição de Barack Obama, mas que devem exercer suas funções até as eleições de novembro.
Por sua parte, associações sem fins lucrativos como a Oxfam pediram hoje que o processo de sucessão seja realizado com transparência, baseado em méritos e levando em conta os países em desenvolvimento, já que os fundos do BM operam nestas economias.
Com a renúncia de Dominique Strauss-Kahn do FMI em maio do ano passado ao ser acusado de estupro, os países emergentes elevaram como nunca antes sua voz para mudar o "pacto de cavalheiros" vigente desde o estabelecimento do FMI e do BM em 1945.
Países como Brasil, China e Índia, com maior peso em uma economia mundial em crise que afeta especialmente regiões ricas como os EUA e a Europa, querem aumentar sua contribuição e influência nestas instituições com um papel cada vez mais importante na estabilidade global. EFE