Alberto Cabezas.
Guanajuato (México), 24 mar (EFE).- O Governo do México e a Santa Sé acertaram neste sábado trabalhar mais estreitamente "na necessidade de conseguir um tratado internacional sobre comércio de armas pequenas e leves", cuja proliferação "favoreceu a ação criminosa da delinquência organizada".
A este compromisso chegaram em Guanajuato, centro do México, o papa Bento XVI e o presidente Felipe Calderón durante uma reunião de trabalho que se tornou o encontro político mais importante da primeira visita apostólica do papa ao México, informou a Presidência mexicana após o encontro.
A reunião entre ambos os chefes de Estado, breve, de cerca de 45 minutos, aconteceu em uma cidade de Guanajuato abarrotada de gente, sobretudo jovens, que inundaram as estreitas ruas desta cidade colonial e as encheram de música e vivas ao papa.
Bento XVI viajou em um automóvel fechado de León, onde dorme durante sua visita, até a capital de Guanajuato, a 52 quilômetros da anterior, e percorreu no "papamóvel" as ruas da cidade.
Nas mesmas, grupos musicais diversos interpretaram músicas enquanto o papa cumprimentava e era acumulado de gestos de carinho de uma população comovida como poucas vezes em uma visita estrangeira.
O povo não parou de saudar o papa com bandeiras e de cantar para ele músicas populares no incomparável ambiente de uma Guanajuato enfeitada como nunca.
A cidade natal estava espetacular e seus habitantes não pararam de alegrar o dia do papa em um entardecer que poucos de seus habitantes esquecerão facilmente.
A festa foi acompanhada de louvores e cartazes dedicados ao papa, com frases de gratidão ("Obrigado por sua visita ao México"; "Se vê, se sente, o papa está presente!") e saudações de todo tipo.
Nesse ambiente, Calderón e Bento XVI se afastaram alguns minutos do júbilo nas ruas para comentar "desafios globais que o mundo enfrenta" e sobre os quais "tanto o México como a Santa Sé mantêm uma ativa posição em nível mundial", informou o Governo do México.
Outros assuntos abordados foram os relacionados "à mudança climática e seus efeitos, a segurança alimentar e a luta contra a fome no mundo".
Bento XVI e Calderón "destacaram a necessidade de se continuar avançando rumo ao desarmamento nuclear, e a necessidade de concluir em breve o Tratado de Comércio de Armas (AT&T, em inglês) que regule o comércio responsável de armas pequenas e leves", detalhou o Escritório da Presidência do México em comunicado.
Na reunião de trabalho participaram as comitivas dos dois líderes: a do papa, formada pelo secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Tarcisio Bertone; e o encarregado de Relações com os Estados, Dominique Mambertti; a mexicana, integrada pela chanceler Patricia Espinosa e pelo secretário de Governo (Interior), Alejandro Poiré.
Os últimos aproveitaram a presença do sumo pontífice para fazer "uma exposição sobre o desenvolvimento da Presidência mexicana do Grupo dos Vinte (G20)", que em junho próximo realizará uma cúpula de chefes de Estado e de Governo marcada pela crise econômico-financeira internacional.
As relações diplomáticas entre México e a Santa Sé se baseiam na premissa da separação constitucional entre a Igreja e o Estado e foram estabelecidas no dia 21 de setembro de 1992.
O México é um estado laico desde a promulgação das Leis de Reforma na segunda metade do século XIX, as mesmas que com os anos serviram para construir um Estado plural, mas com uma população católica majoritária (83%) e onde, por exemplo, a educação pública continua sendo laica por imperativo constitucional. EFE