CARACAS (Reuters) - A Assembleia Constituinte convocada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, almeja criar "condições" para os processos eleitorais que estão a caminho no país, incluindo as eleições presidenciais de 2018, disse nesta terça-feira o presidente da comissão para a ativação da Constituinte.
Na segunda-feira a oposição se manifestou contra a Constituinte, dizendo que a intenção do processo convocado por Maduro é adiar as eleições regionais previstas para este ano e as presidenciais do final do ano que vem. Nesta terça-feira manifestantes bloquearam vias importantes em protesto.
"Um dos temas que a Constituinte busca é alcançar condições de estabilidade para poder realizar os processos eleitorais que estão a caminho... e os que vêm em 2018, as (eleições) presidenciais", disse Elías Jaua nesta terça-feira em uma entrevista ao canal estatal VTV.
"Não há condições de normalidade, e é isso que a Constituinte busca: um mínimo de condições para poder realizar eleições que não terminem em uma luta fratricida entre os venezuelanos", acrescentou.
O governo socialista de Maduro diz estar sendo vítima de uma tentativa de golpe de Estado desde que a oposição iniciou, um mês atrás, uma onda de protestos pedindo eleições antecipadas, a libertação de uma centena de "presos políticos" e a separação de Poderes, entre outras exigências.
Seus adversários afirmam que Maduro se converteu em um "ditador" que cala a dissidência e que só quer se eternizar no poder impedindo eleições.
Jaua, atual ministro da Educação, disse ainda que, "em princípio", todos os cronogramas sob os cuidados das autoridades eleitorais "devem ser mantidos".
"Claro que antes de 31 de dezembro de 2018 têm que haver eleições presidenciais", acrescentou.
A Constituição venezuelana permite ao presidente da República, a dois terços dos membros do Parlamento e a 15 por cento dos eleitores inscritos no registro eleitoral convocar uma Assembleia Constituinte.
Uma vez eleitos seus integrantes através do voto popular, estes devem redigir uma nova carta magna que não poderá ser questionada pelo presidente nem pelos demais poderes públicos e que resultará em eleições gerais para substituir todos os cargos eletivos.
(Por Diego Oré e Alexandra Ulmer)