Bruxelas, 10 nov (EFE).- A União Europeia descartou a possibilidade de dividir a zona do euro em duas, liderada por um grupo forte com melhor situação econômica, e apostou em manter sua agenda de acelerar a integração econômica.
A possibilidade foi mencionada de forma repetida nos últimos dias por parte de funcionários e diplomatas da Alemanha e da França, mas com uma rejeição forte das instituições da UE em Bruxelas.
Tanto a Comissão como o Conselho da União Europeia rejeitaram esta hipótese. "É importante não aceitar divisões em nossa União, inclusive se a zona do euro pode e deve avançar com uma integração maior", disse nesta quinta-feira a porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde.
A porta-voz afirmou que o Executivo comunitário tem consciência do debate atual sobre o futuro da Europa, mas insistiu que a solução é uma integração econômica "mais avançada" entre todos.
A proposta que o Conselho Assessor de Economistas do Governo Alemão apresentou a chanceler, Angela Merkel, sobre a criação de um pacto europeu de amortização da dívida que beneficie os países com dívida menor (inferior a 60% do PIB), alimentou ainda mais alguns temores de que os países com melhor situação queiram se dividir.
A porta-voz lembrou que o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, fez uma defesa a favor de uma zona do euro unida em discurso na noite de quarta-feira em Berlim. Barroso também anunciou que a Comissão apresentará no final deste mês um pacote de novas propostas para a governança econômica da UE e da zona do euro.
Além disso, Barroso usou estudos recentes para advertir que a ruptura da zona do euro poderia significar a perda de 50% do PIB de seus membros, e que se a moeda única se reduzisse a um núcleo forte a Alemanha perderia 3% de seu PIB e um milhão de empregos.
A advertência de Barroso chegou pouco depois que o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, descartou essa possibilidade durante uma visita à Suíça, quando declarou que "o objetivo é manter unida a Eurozona, com todos seus 17 membros".
A esta rejeição se uniu uma negação formal da chanceler alemã Angela Merkel, que afirmou em Berlim que seu Governo quer estabilizar a UE e a zona do euro em sua forma atual.
Os Tratados da União Europeia não permitem criar dois grupos na zona do euro, mas existe o precedente (em matéria de cooperação policial) que um grupo de países acorde colaborar fora da comunidade e aprove acordos que depois se estendem ao conjunto da União.
O presidente do Conselho Europeu deve apresentar em dezembro suas ideias sobre uma reforma rápida dos tratados, impulsionada sobretudo pela Alemanha, para aumentar a integração econômica da zona do euro. EFE