Por Guy Faulconbridge e Gabriela Baczynska
LONDRES/BRUXELAS (Reuters) - Um acordo para suavizar a separação britânica da União Europeia ficou em xeque nesta segunda-feira depois que diplomatas indicaram que o bloco quer mais concessões do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e disseram que um pacto pleno é improvável nesta semana.
Johnson e os líderes da UE enfrentam uma semana tumultuada que pode decidir se a desfiliação será organizada, tumultuada ou adiada mais uma vez.
O premiê diz que quer fechar um acordo de saída em uma cúpula da UE na quinta e sexta-feiras que permita uma ruptura ordeira no dia 31 de outubro. Mas se um entendimento não for possível, ele tirará seu país do bloco ao qual este se uniu em 1973 mesmo assim – embora o Parlamento tenha sancionado uma lei dizendo que ele não pode fazer isso.
Políticos do bloco, como o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, disseram que um acordo é possível e que muito mais trabalho é necessário, mas diplomatas da UE estavam pessimistas a respeito das chances da proposta híbrida de Johnson para o enigma da fronteira irlandesa.
"Não estamos muito otimistas", disse um diplomata veterano da UE à Reuters.
Após mais de três anos de crise do Brexit e de negociações tortuosas que custaram o cargo de dois premiês britânicos, Johnson terá que ratificar qualquer pacto de última hora junto ao Parlamento, que realizará uma sessão extraordinária no sábado pela primeira vez desde a Guerra das Malvinas de 1982.
Enquanto ministros se reuniam em Luxemburgo antes da cúpula de lideres, a pauta legislativa concebida por Johnson era lida para a rainha Elizabeth na abertura do Parlamento.
Se Johnson for incapaz de firmar um acordo, pode ocorrer uma separação tumultuada que dividiria o Ocidente, abalaria os mercados financeiros e testaria a coesão do Reino Unido.
"Não esperemos, não podemos esperar: vamos realizar o Brexit", disse Johnson ao Parlamento. "Se pode haver uma coisa mais polarizadora, mais tóxica do que o primeiro referendo, seria um segundo referendo."
Como sinal de que o otimismo surgido após a reunião de Johnson com o premiê irlandês, Leo Varadkar, na semana passada pode ter sido prematuro, diplomatas da UE agora dizem que a melhor chance de um acordo seria manter a Irlanda do Norte na união alfandegária do bloco.
(Reportagem adicional de Robin Emmott, em Luxemburgo)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES