UE pede tempo aos mercados e à zona do euro para fechar acordo "em semanas"

Publicado 05.08.2011, 13:39
Atualizado 05.08.2011, 14:43

Bruxelas, 5 ago (EFE).- A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (UE), pediu tempo aos mercados nesta sexta-feira, uma trégua em seu "incompreensível" assédio à dívida espanhola e italiana, enquanto reivindicou à zona do euro que concluísse seu complexo acordo para enfrentar a crise em poucas semanas.

O comissário de Assuntos Econômicos da UE, o finlandês Olli Rehn, interrompeu suas férias para retornar a Bruxelas e tentar aplacar a turbulência sazonal nos mercados, enquanto o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, permanecia em Portugal, embora "trabalhando e em constante contato com vários líderes", segundo ressaltou uma porta-voz.

Em outras capitais, os líderes também suspenderam suas férias diante da gravidade da crise, que nesta sexta-feira fez com que a taxa de risco da Itália e o rendimento de seus bônus superassem os da Espanha e que as principais bolsas despencassem novamente.

Assim, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o chefe do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e a chanceler alemã, Angela Merkel, discutirão ainda nesta sexta-feira as tensões nos mercados em conversas por telefone.

Em Bruxelas, Rehn foi o primeiro do Executivo da UE a falar com a imprensa. Segundo o comissário, o assédio contra a Espanha e Itália "não está justificado", pois, segundo ele, as bases econômicas do país não mudaram da noite para o dia.

Rehn descartou que seja necessário um resgate financeiro para esses dois países. "Acho que nenhum desses países vai precisar de um programa especial", acrescentou, porque os fundamentos econômicos não o justificam, tampouco as ações dos Governos.

Ele respaldou os esforços da Espanha para reverter a tendência, mas pediu a Zapatero que implemente com rigor as reformas pendentes.

"A Espanha avançou muito nas áreas de consolidação fiscal, reestruturação do setor bancário, reforma da previdência e reformas trabalhistas (...) mas, embora muitas das reformas já estejam em curso, a implementação contundente é primordial", ressaltou.

Rehn pediu à Espanha que conclua a reestruturação do setor bancário e que os planos de consolidação fiscal sejam "aplicados estritamente em nível regional", em referência ao déficit das comunidades autônomas do país.

De qualquer forma, o comissário admitiu que, enquanto algumas das fontes de tensão se devem ao impacto das recentes negociações para elevar o teto da dívida nos Estados Unidos, outras têm suas origens na situação interna.

Nesse contexto, ele comentou sobre a incapacidade dos líderes europeus de comunicar eficazmente o "histórico" acordo alcançado em 21 de julho sobre o segundo pacote de ajuda econômica à Grécia e ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para que possa prevenir, recapitalizar bancos e comprar bônus.

Não em vão, Rehn fez um apelo ao bom senso dos mercados, ressaltando que "um acordo tão global, detalhado e tecnicamente complexo requer tempo para ser implementado", e por isso qualificou de "não realistas" as expectativas nos pregões que todos os elementos do pacto fossem aplicáveis imediatamente.

Segundo ele, analistas dos Estados-membros da UE - apoiados por seus serviços, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo FEEF - estão trabalhando "dia e noite" para concluir o acordo.

"Estamos avançando rapidamente", explicou. "O trabalho técnico será concluído de forma emergencial (...) em semanas, e não meses". Segundo o comissário, o acordo deve ficar pronto "no início de setembro".

Neste sentido, Rehn também dirigiu uma mensagem aos líderes da zona do euro ao afirmar que "esperamos de todos os Estados-membros da zona do euro cumpram essa data limite".

Além disso, pediu aos Governos "rigor" ao falar da crise e mais "disciplina verbal" para enviar uma mensagem unificada aos mercados, num dia em que a Alemanha criticou a UE por "reabrir", "fora de tempo", o debate sobre a situação financeira da zona do euro e mencionar uma possível ampliação da capacidade creditícia do FEEF, atualmente de 440 bilhões de euros.

Rehn enfatizou que esta ideia não é nenhuma novidade e insistiu que, para ser um instrumento respeitado e crível, o fundo deve ser avaliado constantemente. EFE

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