Londres, 26 mai (EFE).- Mais de um terço da população da Coreia
do Norte (quase nove milhões de pessoas) sofre com uma grave
escassez de alimentos, segundo mostra o relatório da Anistia
Internacional (AI) sobre o estado dos direitos humanos no mundo,
apresentado hoje em Londres.
No documento, a AI assinala que "a escassez de alimentos afetou a
maior parte" da Coreia do Norte "e se temia que aumentasse a
insegurança alimentícia pela deficiente gestão econômica e a
diminuição da ajuda internacional."
Milhares de pessoas foram da Coreia do Norte até a China em 2009,
"fundamentalmente em uma busca desesperada por alimentos", destaca o
relatório da AI.
As autoridades chinesas "detiveram e devolveram os milhares de
norte-coreanos, que foram reclusos, interrogados e torturados".
Além disso, aponta a AI, "era desconhecido o paradeiro de
milhares de norte-coreanos repatriados à força da China ao longo do
ano."
Por outro lado, o regime norte-coreano está decidido a prosseguir
com testes nucleares apesar do endurecimento das sanções na ONU, o
que complica de maneira notável a entrada de ajuda humanitária no
país.
A entidade comenta que a ajuda internacional à Coreia do Norte
"diminuiu drasticamente" depois do teste nuclear iniciado em maio de
2009 e pelo "cansaço" dos doadores.
A AI denuncia que na Coreia do Norte se continuou praticando
"detenções arbitrárias por motivos políticos" e se evidenciou
"graves restrições à liberdade de expressão e circulação", tudo isso
enquanto as autoridades de Pyongyang continuam negando o acesso ao
país a observadores independentes em matéria de direitos humanos.
Por outro lado, a organização pró-direitos humanos denuncia um
método de castigo aplicado na Coreia do Norte, conhecido como a
aplicação do princípio de "culpados por associação", de tal modo que
se pune coletivamente todos aqueles que se relacionam com "pessoas
hostis" ao Governo.
A AI destaca a contradição representada pela suposta prática de
todas as violações dos direitos humanos com a reforma constitucional
promulgada em abril de 2009, na qual se indica que o Estado deve
"respeitar e proteger os direitos humanos". EFE