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Unctad acredita que "inverno" da economia mundial não chegou ao fim

Publicado 07.09.2009, 06:56
Atualizado 07.09.2009, 07:35
TTEF
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(embargada até às 14h de Brasília)

Virgínia Hebrero.

Genebra, 7 set (EFE).- A atual crise econômica mundial é tão grave que não será possível nos próximos anos uma recuperação até os níveis prévios a esta, apesar da melhora de alguns indicadores financeiros no primeiro trimestre de 2009.

Assim adverte a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) em seu relatório 2009 dedicado à crise, no qual destaca que foi a excessiva liberalização e falta de regulação dos mercados financeiros seu principal causa.

O estudo constata que os "brotos verdes" que se deram em alguns países no primeiro trimestre "não significam que o inverno da economia chegou a seu fim".

"Esta aparente melhoria pode ser temporária e não devemos nos apressar em afirmar que estamos saindo da crise", disse o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi, ao apresentar o relatório.

Este prevê que em 2009 o Produto Interno Bruto (PIB) mundial se reduzirá mais de 2,5%, e inclusive as economias que crescerão, como as da China e Índia, sofrem um arrefecimento.

E embora considere "possível" que o PIB mundial volte a ser positivo em 2010, "dificilmente superará 1,6%".

"São muito poucas as possibilidades que nos próximos anos os maiores países desenvolvidos se recuperem com a força necessária para que a economia mundial volte a crescer ao ritmo de antes da crise", afirmam os especialistas.

Isso se deve a que "não cabe esperar que o crescimento do consumo nem do investimento se reative de maneira significativa, por causa da muito baixa utilização da capacidade e do crescente desemprego".

A fim de deter a contração do PIB, "recomendamos manter e inclusive reforçar as políticas monetárias e fiscais expansivas", assinalou Panitchpakdi.

"Isso porque a queda de lucro na economia real, o excesso de investimento no mercado imobiliário e o desemprego crescente continuarão restringindo o consumo e o investimento privados em um futuro previsível".

E como se trata de uma crise mundial, "também não existe a possibilidade de recorrer às exportações, já que se prevê que o comércio diminuirá em torno de 11%", diz o relatório.

Os especialistas acham que a alta dos indicadores financeiros na primeira metade de 2009, refletem "um renovado interesse por assumir riscos por parte dos agentes financeiros, e não um fortalecimento dos parâmetros macroeconômicos fundamentais", por isso que - advertem - "poderia acontecer uma mudança de tendência de um momento para o outro".

O relatório destaca que a atual crise "não foi uma coisa caída do céu", mas explodiu após vários anos de enormes desequilíbrios entre as maiores economias nacionais e dentro de cada uma delas.

"Os desequilíbrios mais ostensivos eram os grandes déficits por conta corrente dos EUA, Reino Unido, Espanha e várias economias da Europa Oriental, por uma parte, e os grandes e crescentes superávits da China, Japão, Alemanha e os países exportadores de petróleo, por outra", assinala.

Nos EUA e nas demais economias em rápida expansão, o crescimento era impulsionado por um consumo familiar financiado à base de dívida, graças "à concessão de empréstimos irresponsáveis e a formação de bolhas nos mercados de imóveis e de valores".

O que dá a esta crise uma profundidade extraordinária é, segundo a Unctad, que "a desregulamentação financeira e a total inaptidão das agências de qualificação creditícia elevaram o nível de endividamento a cotas sem precedentes".

O relatório também critica que se tenha exagerado o risco de inflação como consequência do aumento dos déficits orçamentários pelos estímulos fiscais e pelas injeções de liquidez dos bancos centrais

Agora, segundo Panitchpakdi, "o autêntico perigo é a deflação, não a inflação. A deflação dos salários é a ameaça mais perigosa que se abate sobre muitos países".

"O mais importante agora é quebrar a espiral descendente dos salários, dos preços e da demanda, e reativar a capacidade do setor financeiro para conceder crédito ao investimento produtivo a fim de estimular um crescimento econômico real", acrescentou. EFE

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