(embargada até às 14h de Brasília)
Genebra, 7 set (EFE).- A reforma do sistema monetário e
financeiro mundial, com a estabilização das taxas de câmbio reais,
é, junto com uma regulação financeira mais estrita, a receita que
oferece a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o
Desenvolvimento (Unctad) para evitar que se repita uma crise como a
atual.
"A crise atual se deve ao predomínio das finanças sobre os
setores produtivos da economia que geram a autêntica riqueza, o que
foi possível graças à euforia suscitada pela eficiência do livre
mercado", assinala a Unctad em seu relatório de 2009.
Como destacou seu secretário-geral, Supachai Panitchpakdi, "nos
Estados Unidos, a parte do Produto Interno Bruto (PIB) que
corresponde ao setor financeiro aumentou de 5% para 8% entre 1983 e
2007, enquanto sua parte no total de lucros empresariais passou de
7,5% para 40%".
"As autoridades econômicas deveriam ter receado de um setor que
aspira o tempo todo a lucros de dois dígitos em uma economia que
cresce a um ritmo muito menor", acrescentou.
Panitchpakdi afirmou que "o predomínio do dólar como principal
meio de pagamento internacional teve também um papel importante na
formação de desequilíbrios mundiais que desembocaram na crise
financeira".
O relatório diz que um sistema baseado em uma moeda nacional
sempre dependerá das decisões de política monetária que adotam os
bancos centrais que emitem essas moedas e que se adotam em função
das necessidades e preferências da política nacional, e não em
resposta às necessidades do sistema de pagamentos internacionais e
da economia mundial.
E critica também que este sistema, em momentos de desequilíbrio
da conta corrente, impõe toda a carga do ajuste aos países
deficitários.
"O Fundo Monetário Internacional (FMI) reforçou esse viés
deflacionário ao impor políticas restritivas aos países deficitários
como parte de suas condições para conceder empréstimos, em vez de
exigir políticas mais expansivas aos países com excedentes", afirma
o estudo.
E ressalta que "só os países deficitários que emitem uma moeda de
reserva, como os EUA, estão isentos da obrigação de fazer ajustes
contra o crescente desequilíbrio da conta corrente".
Por tudo isso, a Unctad defende um sistema de taxas de câmbio
aceito internacionalmente e baseado no princípio de porcentagens
reais, constantes e sustentáveis para todos os países.
Com isso se conseguiria colocar um freio à especulação, porque o
principal fator desencadeante da especulação cambial é o diferencial
de inflação e de taxas de juros.
Assim se evitariam as crises monetárias, porque desapareceria o
principal incentivo para especular com moedas de países altamente
inflacionários, e se poderiam prevenir desequilíbrios mundiais
fundamentais e de longa duração, evitando que os países em
desenvolvimento sejam apanhados pela dívida.
Também se poderia evitar a condicionalidade procíclica em caso de
crise e se reduziria a necessidade de manter reservas
internacionais. EFE