SÃO PAULO (Reuters) - O ex-ministro Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, vinculada ao PMDB, disse em uma rede social nesta sexta-feira que a reunião do diretório nacional do partido marcada para dia 29 decidirá pelo rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff.
Moreira, que é próximo do vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, afirmou em sua conta no Twitter que a decisão da sigla de romper com o governo é conectada à "vontade do povo".
"O sentido de urgência do PMDB é conectado á vontade do povo. No passado foi assim. Agora, na saída de Dilma também. Terça, 29, vai decidir rompimento", escreveu Moreira.
Na quinta-feira, o partido anunciou a decisão de antecipar a reunião do diretório que debaterá o rompimento com o governo federal, no qual o PMDB tem sete ministérios. A nomeação do peemedebista Mauro Lopes como ministro da Aviação Civil, após uma decisão da convenção nacional do PMDB no último fim de semana contrária a que peemedebistas assumissem novos cargos no governo, irritou caciques do partido.
Lopes é alvo de uma representação à comissão de ética do PMDB que pede sua expulsão da legenda sob alegação de que ele desobedeceu determinação da convenção nacional. Temer não compareceu à posse de Lopes como ministro nesta semana.
Se confirmado, o desembarque do PMDB, maior partido da base de apoio do Planalto, deverá agravar ainda mais a já frágil situação do governo Dilma, que enfrenta manifestações nas ruas pelo impeachment e um processo de impedimento que tramita na Câmara dos Deputados.
O governo também tem sido abalado pelas investigações da operação Lava Jato, com acusações diretas à presidente feitas na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS), que pediu desfiliação do PT.
Dilma também enfrenta desgaste com a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil.
Lula é investigado na Lava Jato e também foi acusado por Delcídio. A ida do ex-presidente ao ministério gerou críticas de que ele teria sido nomeado ministro para ter prerrogativa de foro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ficar fora do alcance do juiz Sérgio Moro, que concentra as ações da Lava Jato na primeira instância.
(Reportagem de Eduardo Simões)