CARACAS (Reuters) - A Venezuela lançará nesta sexta-feira sua segunda reestruturação monetária em três anos, cortando seis zeros do bolívar em resposta à hiperinflação, simplificando a contabilidade, mas fazendo pouco para aliviar a crise econômica do país sul-americano.
O plano visa simplificar a contabilidade em empresas e bancos, onde os sistemas não conseguem mais lidar com os grandes números. A inflação anual da Venezuela é de 1.743%, de acordo com o Observatório Financeiro da Venezuela. O salário mínimo é de apenas 2,50 dólares por mês.
"A conversão (monetária) não muda nada, porque os problemas no país continuam", disse o contador de 56 anos Victor Mendez, enquanto comprava alimentos em Caracas. "Continuamos sofrendo com a falta de água e gasolina."
O governo do presidente Nicolás Maduro removeu em 2018 cinco zeros da moeda devido aos altos preços. Isso aconteceu uma década depois que o falecido presidente Hugo Chávez subtraiu três zeros do bolívar com a promessa de uma inflação de um dígito, o que não aconteceu.
O país está sofrendo uma crise econômica de vários anos que levou milhões de venezuelanos a imigrar. O governo socialista de Maduro culpa as sanções dos Estados Unidos pelos problemas do país, enquanto os críticos atribuem responsabilidade às políticas macroeconômicas intervencionistas.
"Os desequilíbrios econômicos no país são muito agudos e os zeros que estão sendo retirados hoje vão voltar em breve", disse o economista José Manuel Puente. "A reconversão não terá impacto em termos macroeconômicos."
Os bancos começaram a receber algumas notas de baixo valor da nova família de cédulas, que por um tempo coexistirão com as notas existentes de 500.000 e 1 milhão de bolívares.
(Por Mayela Armas em Caracas)