Redação Central, 24 abr (EFE).- A erupção do vulcão islandês Grimsvötn, cuja nuvem de cinza já afeta os céus escoceses, ocorre pouco mais de um ano depois que outro vulcão islandês, situado sob a geleira Eyjafjallajökull, provocasse o maior caos na história da aviação comercial.
Quando um vulcão entra em erupção, os gases que contém o magma podem expandir-se ou fragmentar-se e as partículas milimétricas de rocha surgidas após a explosão se precipitam na atmosfera, onde são levadas pelo vento.
Se o vulcão se encontra abaixo de uma geleira, como o Grimsvötn, que está sob a geleira Vatnajoekull, o maior da Europa, a explosão adquire mais intensidade e a coluna de cinzas alcança uma altura maior, devido à conversão em vapor de água da geleira ao entrar em contato com o magma.
A densidade da nuvem vulcânica e o comportamento dos ventos são determinantes na disseminação das cinzas. Se a nuvem é muito densa as cinzas caem antes na terra, enquanto o vento pode transportá-las em nuvens mais leves por grandes distâncias.
A situação criada pela erupção em abril de 2010 do vulcão Eyjafjallajökull impulsionou à União Europeia (UE) e à Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) a adotar medidas para melhorar a gestão dos riscos para a aviação que ajuda a atividade vulcânica.
A UE decidiu modificar a normativa fixada pela Organização Internacional de Aviação Civil que obrigava os aviões a permanecerem em terra se houvesse cinza em áreas de voo e acordou que as aeronaves poderiam voar se a concentração de cinza não ultrapassasse o limite de 0,004 gramas por metros cúbicos de ar.
Para que os aviões possam operar nestas áreas, as companhias necessitam a aprovação da aeronave e dos fabricantes dos motores.
Além disso, a UE estabeleceu três zonas: uma vermelha, na qual pode haver presença de cinzas, mas é permitido voar; uma cinza, na qual só se permitem voos sob certas condições; e uma preta, na qual é proibido o tráfego aéreo.
Bruxelas criou uma equipe europeia de coordenação em caso de crise e decidiu acelerar a materialização do "céu único europeu", compensar economicamente as companhias aéreas afetadas pelo vulcão islandês e melhorar a gestão dos riscos para a aviação que ajuda a atividade vulcânica.
Em 14 de abril, companhias aéreas e autoridades simularam a erupção de um vulcão, precisamente o Grimsvötn, com o objetivo de elaborar um novo protocolo de segurança e atuação, que será autorizado pela Organização de Aviação Civil Internacional (Icao).
O objetivo é melhorar a detecção e a previsão dos movimentos das nuvens vulcânicas através dos centros de avisos e estabelecer os níveis de concentração de cinzas nos quais é seguro voar em um espaço aéreo poluído.
A erupção do vulcão islandês Eyjafjallajökull em abril e maio de 2011 cancelou mais de 100 mil voos, foi o responsável pelo fechamento do espaço aéreo de diversos países europeus durante vários dias e perdas estimadas em US$ 5 bilhões na economia mundial.
Não há precedente de consequências tão graves para a aviação, mas são frequentes os cancelamentos de voos nas áreas próximas aos vulcões que entram em erupção, pela acumulação de cinzas no céu. EFE