Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Faltam ainda cinco meses para o início oficial da campanha eleitoral, mas o presidente Jair Bolsonaro gastou a maior parte do seu discurso, em uma unidade de gás natural da Petrobras (SA:PETR4) em Itaboraí (RJ), para atacar seus principais adversários políticos.
Em um discurso de pouco menos de 20 minutos, Bolsonaro usou a maior parte do seu tempo para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de bandido, e o PT.
Depois de falar dos imigrantes da Venezuela, afirmou que esse será o destino do Brasil com a volta do partido.
"Esse é o destino do Brasil se deixarmos aquela quadrilha voltar para cá", afirmou.
Apesar do discurso claramente político, disse: "Não estou fazendo campanha para mim. Mas é inadmissível pensar que aquele bandido voltando para cá vai atingir os anseios da nossa população. Isso não é verdade."
As mais recentes pesquisas mostram que o ex-presidente está cerca de 20 pontos a frente de Bolsonaro nas intenções de voto para as eleições presidenciais. Além disso, no segundo turno Lula venceria Bolsonaro e todos os outros adversários apresentados até agora.
Bolsonaro tem se dividido entre ataques a Lula, que tem a liderança, e ao ex-juiz Sergio Moro, seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, e que tira alguns votos do presidente, de acordo com as pesquisas.
Contra Moro, usa o discurso de traição e de que o ex-juiz foi um ministro ineficaz, além de não comungar com princípios queridos aos bolsonaristas, como a liberação de armas. Contra Lula, as acusações de risco de retorno de corrupção, volta de um suposto socialismo e ataques à propriedade privada.
"Há declarações de gente próxima desse cara planejando rever reformas, rever emendas da Constituição recentes feitas com muito sacrifício, retomar as armas legais que a população passou a ter no meu governo", disse Bolsonaro, acrescentando depois: "Todos perderão, mais que dinheiro, mais que a propriedade privada, com certeza."
Até agora, a tática do ex-presidente não tem surtido efeito nas pesquisas, com a distância para Lula se mantendo sem grandes alterações. Já Sergio Moro vem dividindo com Ciro Gomes um distante terceiro lugar, sem abalar, por enquanto, o segundo lugar da candidatura à reeleição de Bolsonaro.