(Corrige 3º parágrafo para mostrar que Mai Alkaila é a ministra da Saúde da Autoridade Palestina, e não a ministra da Saúde do governo de Gaza, comandado pelo Hamas)
Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Autoridades de Gaza disseram que um ataque aéreo israelense nesta terça-feira matou cerca de 500 pessoas em um hospital no enclave palestino, mas Israel disse que um foguete palestino causou a explosão.
O número de mortos foi, de longe, o maior de todos os incidentes em Gaza durante a violência atual, provocando protestos na Cisjordânia ocupada, em Istambul e em Amã.
A ministra da Saúde da Autoridade Palestina, Mai Alkaila, acusou Israel de "um massacre" no hospital Al-Ahli al-Arabi. O ataque matou centenas de pessoas e ocorreu durante a intensa campanha de bombardeio de 11 dias de Israel em Gaza.
Mais cedo, um chefe da defesa civil de Gaza disse que 300 pessoas haviam sido mortas e uma autoridade do Ministério da Saúde disse que 500 pessoas foram mortas. O Hamas disse que a explosão matou principalmente pessoas desabrigadas.
Um porta-voz das Forças Armadas israelenses disse que a análise de seu sistema operacional mostrou que "uma barragem de foguetes inimigos" direcionada a Israel estava passando pelo hospital no momento do ataque e culpou o grupo militante palestino Jihad Islâmica.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que "terroristas bárbaros" em Gaza tinham atacado o hospital de Gaza, e não os militares de Israel.
A Jihad Islâmica negou que algum de seus foguetes estivesse envolvido na explosão do hospital, dizendo que não havia nenhuma atividade na Cidade de Gaza ou em seus arredores naquele momento. A Jihad Islâmica, apoiada pelo Irã, participou do ataque a Israel liderado pelo Hamas em 7 de outubro e, assim como o Hamas, disparou vários foguetes contra Israel.
As notícias sobre o ataque no hospital e o alto número de mortos provocaram a condenação de muitos países na véspera da visita do presidente dos EUA, Joe Biden, a Israel. A Rússia e os Emirados Árabes Unidos exigiram uma reunião do Conselho de Segurança da ONU e houve confrontos na Cisjordânia.
Mais cedo nesta terça-feira, a ONU disse que um ataque israelense havia atingido uma de suas escolas, onde pelo menos 4.000 pessoas estavam abrigadas. A agência disse que seis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas pelo ataque. Os militares de Israel disseram que estavam analisando esse relato.
As autoridades de saúde de Gaza disseram que, antes do incidente de terça-feira, pelo menos 3.000 pessoas haviam sido mortas nos 11 dias de bombardeios de Israel desde que os militantes do Hamas invadiram cidades israelenses em 7 de outubro, matando mais de 1.300 militares e civis.
As pessoas desabrigadas que fogem do bombardeio israelense se aglomeram nos hospitais, buscando refúgio ao redor deles na esperança de ficarem mais seguras.
Na semana passada, Israel ordenou que todos os habitantes da metade norte da Faixa de Gaza, que tem apenas 45 km (25 milhas) de comprimento e abriga 2,3 milhões de pessoas, deixassem suas casas e fossem para o sul.
No entanto, os ataques aéreos têm atingido alvos em todo o enclave e, apesar das expectativas de uma ofensiva terrestre israelense, algumas pessoas deslocadas começaram a retornar para o norte.
A Organização Mundial da Saúde disse que o ataque ao hospital foi "sem precedentes em sua escala". Nesta terça-feira, a organização disse que houve 115 ataques a instalações de saúde em Gaza e que a maioria dos hospitais não estava funcionando.
Países como Canadá, Egito, Turquia, Jordânia e Catar condenaram o ataque ao hospital.
Na Cisjordânia, onde opera a Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente, manifestantes palestinos entraram em confronto com as forças de segurança palestinas, que dispararam gás lacrimogêneo para dispersá-los. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, cancelou uma reunião com Biden.
(Reportagem de Moaz Abd-Alaziz, Nidal al Maghrabi e Ali Sawafta