Por Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira que a crise Israel-Gaza deveria ter “um caminho para a paz”, incluindo Estados independentes para israelenses e palestinos, integrando Israel entre seus vizinhos árabes.
Biden abriu uma coletiva de imprensa conjunta com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, dizendo que o apoio dos EUA à defesa de Israel é inflexível, mas que as partes precisam pensar sobre o caminho a seguir na região assim que a crise de Gaza for resolvida.
“Israelenses e palestinos merecem igualmente viver lado a lado em segurança, dignidade e paz”, afirmou Biden.
O presidente dos EUA disse acreditar que uma das razões pelas quais os militantes do Hamas atacaram o sul de Israel, matando 1.400 pessoas em 7 de outubro, foi para impedir a normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita.
Os ataques aéreos israelenses em retaliação mataram mais de 6.500 pessoas, disse o Ministério da Saúde em Gaza, que é governada pelo Hamas, na quarta-feira. A Reuters não conseguiu verificar de forma independente o número de vítimas de nenhum dos lados.
Biden disse que “não tinha noção” sobre se os palestinos estavam dizendo a verdade a respeito de quantos foram mortos. “Tenho certeza de que inocentes foram mortos, e esse é o preço de travar uma guerra.”
“Não tenho confiança no número” que os palestinos estão usando, acrescentou.
Assim que a crise acabar, “tem que haver uma visão do que vem a seguir” na região, disse Biden. Para ele, o futuro deve incluir uma solução de dois Estados para Israel e os palestinos.
“Continuo alarmado com o ataque de colonos extremistas aos palestinos na Cisjordânia”, disse Biden, acusando-os de jogar gasolina no fogo. “Eles estão atacando os palestinos em lugares que eles têm o direito de estar”, disse.
Albanese, em seu discurso de abertura, disse que a Austrália fornecerá mais 15 milhões de dólares em ajuda aos civis de Gaza.
Anteriormente, numa cerimônia de chegada à Casa Branca, Albanese disse que "a liderança americana é indispensável, mas não é inevitável", acrescentou. "É preciso um líder para conseguir... é preciso uma verdadeira liderança para procurar a paz, porque proteger pessoas inocentes não é uma demonstração de fraqueza, é uma medida de força."
Um coro crescente de nações pressiona Israel a fazer uma pausa humanitária em seus ataques ao Hamas em Gaza, que mataram milhares de palestinos, muitos deles crianças. Biden, que se autodenomina “sionista”, apoiou fortemente Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro, ao mesmo tempo que aconselhou o país a respeitar os princípios democráticos.
A Austrália é um aliado importante dos EUA no Pacífico, e Biden agendou a visita depois de cancelar uma viagem a Sydney em maio, quando ficou em Washington para ajudar nas negociações durante a crise de financiamento governamental.
(Reportagem de Jeff Mason, Trevor Hunnicutt e Steve Holland; reportagem adicional de Susan Heavey)