Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comprometeram-se nesta quarta-feira a trabalhar juntos em direção a um acordo histórico para construir relações diplomáticas entre Israel e Arábia Saudita.
Reunindo-se pela primeira vez desde que Netanyahu voltou ao poder em dezembro, ambos os líderes sinalizaram o desejo de aliviar as tensões na relação, mas Biden também deixou claro que estava determinado a discutir suas diferenças.
Entre elas está a oposição de Biden ao controverso plano de revisão judicial do governo de extrema-direita de Netanyahu, bem como a sua preocupação com a linha-dura de Israel em relação aos palestinianos.
“Espero que possamos resolver algumas coisas hoje”, disse Biden no início das negociações, sentado lado a lado com Netanyahu no salão de um hotel em Nova York.
Um comunicado da Casa Branca emitido após a reunião informou que Biden “reiterou a sua preocupação sobre quaisquer mudanças fundamentais no sistema democrático de Israel, sem que haja consenso mais amplo possível”.
Biden também apelou a “medidas imediatas para melhorar a segurança e a situação econômica, manter a viabilidade de uma solução de dois Estados e promover uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinianos”, afirmou o comunicado.
Em vez de se reunirem na Casa Branca - local preferido de Netanyahu - os dois líderes acabaram marcando suas conversas nos bastidores da Assembleia Geral da ONU em Nova York. Biden convidou Netanyahu para visitar Washington antes do final do ano.
Biden reiterou seu compromisso em evitar que o Irã adquira uma arma nuclear e também o seu apoio a uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos.
Mas a maior questão na agenda é um esforço liderado pelos EUA para forjar relações diplomáticas entre os inimigos de longa data Israel e Arábia Saudita, a peça central de negociações mais amplas e complexas que envolvem garantias de segurança dos EUA e ajuda nuclear civil buscada por Riad, bem como concessões israelenses aos palestinos.
“Penso que sob a sua liderança, senhor presidente, podemos forjar uma paz histórica entre Israel e Arábia Saudita”, disse Netanyahu, acrescentando que “tal paz percorreria um longo caminho primeiro para avançar pelo fim do conflito árabe-israelense, alcançar a reconciliação entre o mundo islâmico e o Estado judeu e promover uma paz genuína entre Israel e os palestinos”.
Netanyahu afirmou que eles poderiam trabalhar juntos para fazer história.
“Juntos”, repetiu Biden, sinalizando o seu compromisso com o esforço de normalização, que, segundo ele, teria sido impensável anos atrás.
VISITA
Netanyahu esperava uma visita mais cedo aos EUA devido ao seu longo histórico de negociações com presidentes norte-americanos, mas Biden resistiu. Netanyahu não conseguiu uma reunião nos primeiros meses de Biden na Casa Branca em 2021 e foi então deposto. Ele voltou ao poder em dezembro passado.
Em vez disso, Biden deu as boas-vindas ao presidente israelense Isaac Herzog, um cargo amplamente cerimonial, na Casa Branca em julho para marcar o 75º aniversário da fundação de Israel.
David Makovsky, um observador de longa data do Oriente Médio no Washington Institute for Near East Policy, afirmou em uma publicação no X, anteriormente conhecido como Twitter, que a reunião estava ocorrendo "265 dias após a posse de Netanyahu, o maior intervalo desde 1964".
"O enorme potencial do acordo saudita deixou Biden e Netanyahu com pouca escolha a não ser se encontrarem apesar das diferenças", disse ele.
(Reportagem adicional de Matt Spetalnick, Emily Rose e Susan Heavey)