Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Ao sair do hospital nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que as eleições de 2022 serão "limpas" porque as Forças Armadas irão participar de "todo o processo eleitoral", mas indicou que existiriam supostas "fragilidades" no sistema.
"Tenho certeza que vamos ter eleições limpas", disse, ao deixar o hospital. "As Forças Armadas foram convidadas e vamos participar de todo o processo eleitoral."
Durante vários meses no ano passado, até os atos de 7 de setembro, Bolsonaro fomentou dúvidas sobre as urnas eletrônicas, pediu a aprovação do voto impresso e chegou a insinuar que não haveria eleições este ano se o voto impresso não fosse aprovado.
Pressionado pelos partidos do centrão, que passaram a compor sua base, o presidente amainou o tom e passou a dizer que as eleições seriam seguras depois que as Forças Armadas foram convidadas a participar do grupo formado pelo Tribunal Superior Eleitoral que acompanha o pleito.
Recentemente, no entanto, Bolsonaro voltou a fazer questionamentos. Ao sair do hospital, disse que o Ministério da Defesa levantou pontos sobre a "fragilidade das urnas eletrônicas" que precisarão ser respondidos.
"Não vai ser com bravata que vamos aceitar o que querem nos impor. Teremos eleições limpas e transparentes", disse.
Bolsonaro aproveitou ainda a presença de jornalistas para voltar a falar da investigação sobre a facada que levou em 2018, durante a campanha. Apesar de duas investigações da Polícia Federal terem concluído que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho, Bolsonaro insistiu em novas investigações. Recentemente, a Justiça autorizou uma nova investigação e um novo delegado foi indicado.
Bolsonaro comparou o caso com o do prefeito petista de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002, e disse que a investigação "chegaria em gente importante", mesmo sem existir até agora qualquer indício sobre isso.
Ao ser questionado sobre sua saúde ao longo da campanha eleitoral, e novos riscos de obstrução intestinal como a que teve agora, voltou a insinuar o envolvimento de rivais em supostos ataques contra ele.
"Minha preocupação não é com as minhas viagens, mas sim com segurança. Sabemos até onde o outro lado pode chegar. A política brasileira, depois que a esquerda se fez mais presente... Como eles são agressivos, como eles têm tentado eliminar seus adversários não interessa como", acusou.