RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado que comparecerá a um ato em Copacabana no feriado da Independência em 7 de setembro, apesar de a prefeitura do Rio de Janeiro ter contrariado pedido do chefe do Executivo e mantido o desfile cívico-militar no centro da cidade.
Bolsonaro havia anunciado no sábado passado que as Forças Armadas e as forças auxiliares desfilariam na praia de Copacabana, local que tradicionalmente reúne apoiadores do presidente em diferentes datas, para marcar os 200 anos da Independência do Brasil.
No entanto, a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou aviso de licitação para a montagem da estrutura do desfile em seu local tradicional, no entorno do Pantheon de Caxias, em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, no centro da cidade.
Em discurso a apoiadores durante visita ao Recife, Bolsonaro não comentou sobre o local de realização do desfile no Rio, mas confirmou que irá a Copacabana.
"Temos algo tão ou mais importante que a própria vida, que é a nossa liberdade. E a grande demonstração disso eu peço a vocês que seja explicitada no próximo dia 7 de setembro. Estarei às 10h da manha em Brasília num grande desfile militar e às 16h em Copacabana no Rio de Janeiro", afirmou.
Bolsonaro tem convocado manifestações de apoiadores no dia 7 de setembro em todo o país. No ano passado, o presidente também reuniu apoiadores no feriado da Independência, quando ameaçou desobedecer ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou a eleição deste ano de farsa. Muitos de seus apoiadores pediram o fechamento do STF e uma tomada militar do governo.
O presidente continua a fazer alegações infundadas contra o sistema eleitoral e ameaçou ignorar os resultados da votação de outubro. Atualmente, ele aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo generais da reserva e analistas ouvidos pela Reuters, Bolsonaro corre risco de revés ao misturar desfile do 7 de Setembro com campanha eleitoral.
A ministra do STF Cármen Lúcia determinou na sexta-feira que Bolsonaro se manifeste num prazo de cinco dias sobre a proposta de mudança de local do desfile militar no Rio.
O presidente negou no discurso no Recife que o ato planejado seja eleitoral.
"Esse movimento não é político, esse movimento não é de A nem de B nem de C, é um movimento do povo brasileiro, que não abre mão da sua liberdade, que defende de verdade a sua democracia e quer o bem de todos aqui no Brasil", afirmou.
(Por Pedro Fonseca)