BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com novo pedido para ter acesso aos autos do inquérito da Polícia Federal que investiga o suposto envio de joias pela Arábia Saudita ao ex-chefe do Executivo e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, disse a defesa de Bolsonaro nesta sexta-feira à Reuters.
A manifestação ocorre após o delegado da PF Adalto Machado, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários em São Paulo, ter rejeitado um pedido anterior dos advogados de Bolsonaro para terem acesso aos autos.
Em resposta à defesa do ex-presidente vista pela Reuters, Machado justificou a decisão com o argumento de que "o interessado não consta como investigado até o momento". O delegado destacou ainda que a investigação corre sob sigilo.
A Receita Federal apreendeu no aeroporto de Guarulhos, em outubro de 2021, um conjunto de joias avaliado em 16,5 milhões de reais trazido da Arábia Saudita por um assessor do Ministério de Minas e Energia do governo Bolsonaro, que, segundo os portadores, teria como destinatária a então primeira-dama Michelle.
Um outro estojo de joias está em poder do ex-presidente, que avisou a Polícia Federal na segunda-feira sua intenção de entregar o pacote ao Tribunal de Contas da União (TCU) após a revelação de que tinha recebido o presente sem a declaração formal de entrada no país.
Na quarta-feira, os ministros do TCU determinaram que o ex-presidente entregue em até cinco dias os presentes recebidos do governo saudita, que deverão ficar sob custódia da Secretaria-Geral da Presidência até uma decisão final sobre o caso. A defesa de Bolsonaro disse que vai entregar os presentes.
O ex-presidente está nos Estados Unidos desde o final de dezembro, e Michelle viajou esta semana para os EUA para encontrar o marido.
(Reportagem de Ricardo Brito)