(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que não há chance de Jair Bolsonaro voltar à Presidência da República, e acrescentou que não vai falar com o presidente norte-americano, Joe Biden, sobre a eventual extradição do ex-presidente, já que o tema depende dos tribunais.
"Bolsonaro não tem nenhuma chance de voltar à Presidência da República", disse Lula, em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN, em Washington.
"Eu não vou falar com o Biden sobre a extradição do Bolsonaro, isso vai depender dos tribunais, um dia ele tem que voltar ao Brasil e enfrentar os processos que responde", afirmou ele, em outro momento da entrevista concedida em meio à agenda oficial que cumpre nos Estados Unidos para se encontrar com o presidente dos EUA.
Bolsonaro deixou o cargo no final de 2022 e é alvo de uma série de investigações criminais conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), dentre elas sobre ataques às urnas eletrônicas.
Lula chegou a falar que Bolsonaro poderia ser investigado e condenado internacionalmente pelo genocídio dos yanomami e por crimes cometidos durante a condução da pandemia no Brasil que matou, quase 700 mil pessoas.
O presidente comparou Bolsonaro a uma "cópia fiel" do ex-presidente dos EUA Donald Trump e fez duras críticas ao ex-chefe do Executivo, chamando-o de desumano e mentiroso.
O presidente afirmou ainda que o Brasil é um país "mais pacificado" que os Estados Unidos e que nos EUA, onde haverá eleição em 2024, a divisão é "muito acirrada".
"Tivemos uma indústria de fake news que não conseguimos combater em igualdade de condições", comentou Lula, ao acrescentar que "nem todo mundo que votou no Bolsonaro é bolsonarista".
Na entrevista, Lula também comentou sobre os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, reconhecendo que houve uma tentativa de golpe que foi barrada pela atuação das instituições, e garantiu que a democracia brasileira irá prevalecer.
O presidente procurou demonstrar comprometimento da atual gestão com a redução do desmatamento e de ações ilegais contra o meio ambiente e a região amazônica, fatos que levaram ao país ser criticado duramente em todo o mundo durante a gestão Bolsonaro.
Lula e Biden devem discutir ações para reforçar a proteção da Amazônia.
Lula disse que vai trabalhar incessantemente pelo fim da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, ressaltando que vai procurar falar com uma série de líderes internacionais. Questionado, ele afirmou que não vai mandar munição para defender a Ucrânia, porque, se fizesse isso, estaria entrando na guerra.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo, e Ricardo Brito, em Brasília)