Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) retomou o seu modo de ataque e reforçou investidas contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que também é relator no Supremo Tribunal Federal (STF) de processos que têm o chefe do Executivo e apoiadores entre os investigados.
O presidente voltou a criticar o ministro por autorizar a quebra de sigilo telemático de seu ajudante de ordens, a pedido da Polícia Federal, para investigar suspeitas envolvendo transações financeiras que apontam depósitos e saques em dinheiro para pagamento de contas da família de Bolsonaro e de pessoas próximas à primeira-dama Michelle, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
"Seja homem, Alexandre de Moraes, uma vez na vida, seja homem. Divulgue antes das eleições os valores trocados nas mensagens do ajudante de ordens comigo e com a minha esposa e dele para a minha esposa, para depositar dinheiro para pagar manicure, pagar cabeleireiro, para comprar coisa que se compra no dia a dia", disse Bolsonaro na live que vem fazendo diariamente nesta reta final da campanha.
"Nós sabemos de que lado você está. Você não quer o Lula, você quer o Alckmin", disse, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera a corrida presidencial tendo como vice o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).
"Interessa um presidente refém teu", acusou Bolsonaro.
O presidente utilizou a transmissão nas redes sociais para acusar Moraes de "abusar do poder" que tem para "tripudiar em cima das pessoas", e de atuar com "baixarias", chamando o ministro de "moleque" e de "patife".
Para Bolsonaro, a quebra de sigilo interfere, inclusive, em questões de segredo de Estado.
Bolsonaro já vinha demonstrando irritação com a decisão do ministro do Supremo e já havia afirmado que a quebra do sigilo teria a intenção de prejudicá-lo ou constrangê-lo. O presidente sustenta que os gastos não utilizaram cartões corporativos e que as movimentações --que seriam em torno de 12 mil reais-- serviram para pagar despesas como a escola da filha e uma tia de Michelle que cuida da filha do casal.
Bolsonaro acusou Moraes de ser o responsável pelo vazamento de informações do inquérito da PF.
O ministro, aliás, determinou a abertura de investigação para apurar o vazamento de informações do inquérito. Procurado nesta quinta, o STF afirmou que não haverá comentários sobre os ataques de Bolsonaro.
Não é a primeira vez que Bolsonaro mira no presidente do TSE, a quem já chamou de "canalha". Bolsonaro, que já chegou a afirmar que não respeitaria decisão que considerar "absurda" e que também não irá acatar o resultado das eleições, caso avalie que não tenham sido realizadas de forma "limpa".
Procurado, o STF não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre as acusações de Bolsonaro a Moraes. Na terça-feira, a assessoria do ministro informou que ele não responderia aos ataques proferidos pelo presidente contra ele naquele dia.