Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - Buracos negros, objetos celestes conhecidos por sua gula, geralmente comem de uma só vez estrelas com azar de chegar perto demais deles, aniquilando-as com sua enorme atração gravitacional. Alguns, no entanto, tendem a lanchar em vez de devorar.
Pesquisadores disseram que observaram um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia relativamente próxima enquanto ele arranca pedaços de uma estrela semelhante em tamanho e composição ao nosso Sol, consumindo material igual a cerca de três vezes a massa da Terra cada vez que a estrela se aproxima enquanto viaja em sua órbita de formato oval.
Buracos negros são objetos extraordinariamente densos com uma gravidade tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar.
A estrela está localizada a cerca de 520 milhões de anos-luz do nosso sistema solar. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano: 9,5 trilhões de km. Ela foi observada sendo saqueada pelo buraco negro supermassivo no coração de uma galáxia em forma de espiral.
No que diz respeito a esses buracos negros, este é relativamente pequeno, e estima-se que tenha uma massa algumas centenas de milhares de vezes maior que a do Sol. O buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, chamado Sagitário A*, possui cerca de 4 milhões de vezes a massa do nosso Sol. Algumas outras galáxias abrigam buracos negros supermassivos com centenas de milhões de vezes a massa do Sol.
A maioria das galáxias têm buracos negros no seu centro, e o ambiente ao seu redor pode estar entre os lugares mais violentos do universo.
A maior parte dos dados usados pelos cientistas no novo estudo veio do Observatório Neil Gehrels Swift, da Nasa.
A estrela foi observada orbitando o buraco negro a cada 20 a 30 dias. Em uma das extremidades de sua órbita, aproxima-se o suficiente do buraco negro para que algum material da sua atmosfera estelar seja sugado, ou agregado, cada vez que passa -- mas não tão perto que seja totalmente engolida. Tal evento é chamado de "perturbação parcial repetida da maré".
O material estelar que cai no buraco negro aquece até cerca de 2 milhões de graus Celsius, liberando uma imensa quantidade de raios-X, que foram detectados pelo observatório espacial.
"O mais provável é que a órbita da estrela gradualmente se deteriore e ela se aproxime cada vez mais do buraco negro supermassivo até chegar perto o suficiente para ser completamente interrompida", disse o astrofísico Rob Eyles-Ferris, da Universidade de Leicester, na Inglaterra. Ele é um dos autores do estudo publicado nesta semana na revista Nature Astronomy.