Por Ricardo Brito e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a cartada de prometer aumentar o salário mínimo para 1.400 reais caso reeleito, mas não conseguiu, de maneira geral, falar para fora da bolha bolsonarista no último debate antes do segundo turno da disputa presidencial, disseram fontes da campanha à reeleição.
Segundo uma das fontes, o recado de que vai turbinar o salário mínimo no próximo ano "era o coelho na cartola", após Bolsonaro ter enfrentado dificuldades com informações de que a equipe econômica pretenderia desindexar o reajuste do mínimo do aumento da inflação no próximo ano.
Segundo essa fonte, a avaliação instantânea do debate feita pela campanha --o chamado tracking-- foi positiva para o candidato à reeleição.
Logo após a fala de Bolsonaro sobre o salário mínimo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos seus coordenadores da campanha, publicou uma imagem de Bolsonaro com o valor prometido nas redes sociais e foi seguido por aliados.
Esse reajuste, entretanto, não consta da peça orçamentária do próximo ano que tramita no Congresso na qual a previsão do mínimo é de 1.302 reais.
As duas fontes consideram que o presidente foi bem em expor o que chamam de mentiras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o debate. Apesar disso, segundo uma dessas fontes, o presidente novamente não conseguiu falar para além do seu eleitorado fiel no debate.
"Foi soma zero, não conseguiu virar", disse essa fonte. Bolsonaro aparece entre cinco e seis pontos percentuais atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de domingo.
Uma terceira fonte da campanha disse que Bolsonaro não foi bem nos dois primeiros blocos do debate. Disse que foi muito repetitivo e sem desenvoltura, citando o fato de que ele nunca quis fazer media training. "Quem não treina, não aprende a jogar", afirmou.