Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) viu como positiva a participação do candidato à reeleição na primeira entrevista dos postulantes ao Planalto ao Jornal Nacional, sem ter cometido nenhum grande escorregão, disseram duas fontes da equipe na noite de segunda-feira.
Uma das fontes afirmou que o presidente foi bem, não perdeu a cabeça e foi educado. Ele não foi grosseiro e enfrentou a pressão, acrescentou. Outra fonte avaliou que Bolsonaro mais acertou do que errou durante os 40 minutos de entrevista ininterruptos. "Na média, acho que foi um empate", afirmou.
Essa segunda fonte considerou ainda que as "caras e risos" dos entrevistadores foram boas para Bolsonaro por mostrarem uma espécie de deboche com o candidato à reeleição.
Apesar de alguns embates, o tom da entrevista foi mais ameno do que quatro anos atrás, quando Bolsonaro foi mais agressivo.
Bolsonaro foi questionado sobre os ataques infundados às urnas eletrônicas, as promessas não cumpridas em relação à economia e o apoio do centrão, grupo político que ele criticava duramente antes de chegar ao poder.
A entrevista do presidente elevou a audiência do JN ao maior patamar do ano, de acordo com o portal UOL.
A campanha de Bolsonaro tinha o receio antes da entrevista de que o presidente caísse em uma armadilha. Ele não passou por um "media training" antes da sabatina, embora tenha conversado com ministros, assessores e aliados nos últimos dias para se preparar.
Ao sair dos estúdios da Globo no Rio de Janeiro, Bolsonaro aparentou estar tranquilo, conversou com apoiadores e ainda fez uma rápida transmissão por suas redes sociais.
"Obrigado pela audiência, estou fazendo a minha parte", disse o presidente.
Mais tarde, no Twitter, com um tom irônico, o presidente fez uma avaliação positiva da entrevista.
"Foi uma enorme satisfação participar do pronunciamento de William Bonner Kkkkk. Na medida do possível, com muita humildade, pudemos esclarecer e levar algumas informações que raramente são noticiadas em sua emissora. Pela paciência e audiência, o meu muito obrigado a todos!", tuitou Bolsonaro.
O senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do presidente e um dos responsáveis por sua campanha à reeleição, disse que o pai foi "gigante nas respostas".
O ex-ministro Fábio Wajngarten, um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, fez um breve resumo nas redes sociais do que considerou a entrevista do presidente. Segundo ele, os apresentadores fizeram "caras e bocas, muita dramaturgia e muito cinismo", e nas considerações finais o presidente evidenciou as entregas do governo e o motivo de ele querer mais quatro anos no cargo.