Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - O circuito de Interlagos, em São Paulo, tornou-se um reduto para os fãs do heptacampeão mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton, e a cidadania brasileira honorária o tornou ainda mais um herói "local".
O britânico de 37 anos recebeu a homenagem da Câmara dos Deputados este mês, quando os congressistas destacaram sua profunda ligação com o país onde conquistou seu primeiro título em 2008.
Isso cresceu depois de seu desempenho notável em Interlagos em 2021, quando o piloto da Mercedes desfraldou a bandeira brasileira e subiu ao pódio após uma de suas maiores corridas até a vitória.
Desde sua chegada nesta semana ao Brasil, que não tem um piloto competindo regularmente na F1 desde 2017, Hamilton já visitou o Congresso em Brasília, uma favela no Rio de Janeiro e uma escola pública em São Paulo.
Defensor declarado da igualdade de direitos e ativista pela diversidade, Hamilton também costuma expressar seu amor pela nação sul-americana.
"Quero aprender mais sobre o país, quero aprender mais sobre seu povo", disse ele a repórteres antes do GP de São Paulo de domingo, ao mesmo tempo em que tentava falar algumas palavras em português.
Os comentários de Hamilton agradaram ainda mais sua já grande base de fãs em São Paulo, e até mesmo o chefe do poder Executivo do Estado disse que estaria torcendo por ele neste fim de semana.
"Tudo isso cativou os brasileiros como eu, que veem no Hamilton alguém que usa a sua notoriedade para as causas justas do mundo", disse o governador Rodrigo Garcia à Reuters, no sábado.
ÍDOLO DE INFÂNCIA
O britânico, nomeado cavaleiro por seu próprio país, venceu três vezes em Interlagos, e em 2008 foi campeão na pista paulistana, mesmo com a vitória de Felipe Massa.
Hamilton também tem o falecido tricampeão mundial brasileiro Ayrton Senna como seu ídolo de infância.
Senna, que morreu em Imola em 1994, continua sendo um dos maiores heróis do esporte brasileiro com uma nova e brilhante estátua de 3,5 metros de altura em exibição no circuito neste fim de semana.
Os ambulantes fora do circuito estão vendendo bonés azuis de Senna junto com os pretos da Mercedes.
“Ele é brasileiro quase igual a nós, torcedor do Ayrton Senna... E ele é muito bom", disse Adaílton Nascimento, 50 anos, que chegou a Interlagos vestindo uma camiseta da Mercedes para torcer por Hamilton depois de percorrer mais de 1.500 km desde Cuiabá.
Andrea Borges, uma advogada de 43 anos, disse que estava torcendo por Hamilton ainda mais agora que ele foi nomeado cidadão honorário.
"Foi muito incrível o que ele fez ano passado (com a bandeira do Brasil)", disse ela. "Tê-lo como cidadão honorário é incrível - não só como piloto, mas que por tudo que ele defende, pelas lutas coletivas que ele defende."