Por Janis Laizans
KIEV (Reuters) - A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que as mortes de civis na cidade ucraniana de Bucha mostraram a "face cruel" do Exército da Rússia, e prometeu tentar acelerar a proposta da Ucrânia para se tornar integrante da União Europeia.
Durante uma visita a Bucha, onde investigadores forenses começaram a exumar os corpos de uma cova coletiva, von der Leyen pareceu estar visivelmente tocada pelo que viu na cidade a noroeste de Kiev, onde autoridades ucranianas dizem que centenas de civis foram mortos por forças russas.
A Rússia nega ter atacado civis, e já chamou as alegações de que a Rússia executou civis em Bucha enquanto ocupava a cidade de "encenação monstruosa" com o objetivo de difamar as forças russas.
Enquanto autoridades da UE estavam chegando a Kiev, pelo menos 50 pessoas foram mortas e muitas outras feridas em um ataque feito por um míssil a uma estação ferroviária lotada de civis que buscavam fugir da ameaça de uma grande ofensiva russa no leste da Ucrânia.
Em uma entrevista coletiva, von der Leyen condenou o que chamou de "comportamento cínico" dos que escreveram "por nossas crianças" nos armamentos encontrados no local.
O prefeito da cidade de Kramatorsk, na região leste de Donetsk, estima que cerca de 4 mil pessoas estavam na estação no momento do ataque. A Reuters não conseguiu verificar o que aconteceu de fato em Kramatorsk.
Dizendo que a UE nunca poderia igualar o sacrifício da Ucrânia, von der Leyen ofereceu um início mais rápido à entrada do país no bloco. Entregando ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, um questionário que irá formar um ponto de início para uma decisão sobre a integração ao bloco, ela disse: "Não será, como normalmente é, uma questão de anos para formar essa opinião, mas acredito que uma questão de semanas".
Zelenskiy disse na mesma entrevista coletiva que voltará com as respostas dentro de uma semana.
Durante a viagem de trem a Kiev, Von der Leyen, disse a repórteres que a mensagem mais importante que ela estava levando para Zelenskiy era que "haverá o caminho da UE" para a Ucrânia.
"Nosso objetivo é apresentar a candidatura da Ucrânia ao conselho neste verão (junho a setembro no hemisfério norte)."
Seis semanas após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a presidente da Comissão Europeia prometeu seu apoio a Kiev para "sair da guerra como um país democrático", algo que, segundo ela, a União Europeia e outros doadores ajudariam.
Foi uma mensagem repetida por Josep Borrell, diplomata-chefe da UE, que também disse a repórteres que a visita era um sinal de que "a Ucrânia está no controle de seu território" e que o governo ainda está no comando.
"A Ucrânia não é um país dominado. Ainda há um governo (que) recebe pessoas de fora e você pode viajar para Kiev", afirmou Borrell, acrescentando esperar que a UE ofereça mais 500 milhões de euros a Kiev nos próximos dias.