Por Fabian Cambero e Natalia A. Ramos Miranda
SANTIAGO (Reuters) - O ultraconservador José Antonio Kast liderava a contagem de votos das eleições presidenciais realizadas neste domingo no Chile, seguido pelo candidato de esquerda Gabriel Boric, e ambos vão se enfrentar no segundo turno em dezembro.
Com 71,45% dos votos apurados, Kast apresentava vantagem com 28,3%, enquanto Boric tinha 25,07%.
Os chilenos começaram a votar neste domingo na eleição presidencial considerada como a mais polarizada desde o retorno do país à democracia, em 1990, com um ex-parlamentar de extrema direita enfrentando um deputado de esquerda que apoiou os protestos de 2019.
Kast, um católico de 55 anos e pai de nove filhos, prometeu combater o crime e teceu elogios ao "legado econômico" neoliberal do ex-ditador Augusto Pinochet.
Seu estilo direto, conservador e ideias políticas ocasionalmente idiossincráticas, como de construir um fosso para evitar a imigração ilegal, têm atraído comparações recorrentes com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e com o presidente Jair Bolsonaro.
À esquerda, o deputado Gabriel Boric, de 35 anos, que liderou protestos estudantis em 2011, exigindo melhorias no sistema educacional do Chile, prometeu uma reforma econômica no país, ao mesmo tempo que irá fortalecer as proteções ambientais e a direitos indígenas. Em geral, ele representa uma ruptura significativa em relação às políticas conservadoras e centristas que têm dominado a política chilena há décadas.
"Eu vou votar em Boric porque ele é jovem, porque é bom dar espaço às novas gerações", disse Sandra Astorga, um dona de casa de 55 anos, em Santiago.
A eleição ocorre após dois anos de protestos, por vezes violentos, em que os chilenos foram às ruas exigir melhorias nas condições de vida no país. Os protestos levaram à proposta de uma nova Constituição em substituição à atual, criada na era Pinochet, e impulsionaram a candidatura de Boric.
"A minha visão é de que as principais demandas (dos eleitores) são as mesmas dos protestos", disse Gaspar Domínguez, um membro de esquerda da Assembleia Constituinte. "Os direitos têm a ver com direitos sociais, saúde, educação e moradia".
Mas o crescente esgotamento entre os chilenos que não aguentam mais manifestações violências, combinado à percepção generalizada de aumento da criminalidade, impulsionaram Kast.
O segundo turno será realizado no dia 19 de dezembro. Após votar, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que os eleitos, e que devem tomar posse no dia 11 de março, "nunca se esqueçam de que foram escolhidos para servir ao povo”.
O país também realizou votação para 155 assentos na Câmara dos Deputados chilena, 27 dos 50 assentos no Senado e todas vagas para os 16 conselhos regionais do país.
(Com reportagem adicional de Gram Slattery e Carlos Serrano)