Por Aidan Lewis e Nafisa Eltahir
CAIRO (Reuters) - Líderes árabes em uma cúpula no Cairo realizada neste sábado condenaram o bombardeio israelense contra Gaza, enquanto os europeus disseram que civis precisam ser protegidos, mas com as ausências de Israel e autoridades de primeiro escalão dos EUA, não houve acordo para conter a violência.
O Egito, que convocou e sediou a reunião, disse que esperava que os participantes defendessem a paz e a retomada de esforços para resolver a busca de décadas dos palestinos por um Estado.
Mas a reunião terminou sem que líderes e ministros das Relações Exteriores concordassem com um comunicado conjunto, após duas semanas de um conflito que matou milhares e provocou uma catástrofe humanitária no enclave bloqueado de Gaza com 2,3 milhões de pessoas.
Diplomatas participando das conversas não estavam otimistas de que haveria um avanço, com Israel preparando-se para invadir Gaza por terra com o objetivo de eliminar o grupo militante palestino Hamas, que se infiltrou em suas cidades em 7 de outubro, matando 1.400 pessoas.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou neste sábado que os ataques aéreos e com mísseis de Israel mataram pelo menos 4.385 palestinos desde o ataque do Hamas.
Enquanto países árabes e muçulmanos cobraram o fim imediato da ofensiva de Israel, os ocidentais expressaram objetivos mais modestos no geral, como alívio humanitário para os civis.
O rei Abdullah, da Jordânia, denunciou o que chamou de silêncio global sobre os ataques de Israel, que mataram milhares em Gaza, área controlada pelo Hamas, e deixou mais de um milhão de pessoas sem moradia, e cobrou uma abordagem imparcial para o conflito entre israelenses e palestinos.
“A mensagem que o mundo árabe está ouvindo é que as vidas palestinas importam menos que as israelenses”, disse, acrescentando que estava ultrajado e em luto pelos atos de violência contra civis inocentes em Gaza, na Cisjordânia, sob ocupação israelense, e em Israel.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que os palestinos não seriam deslocados ou expulsos de suas terras.
“Não iremos embora, não iremos embora”, disse ele na cúpula.
A França defendeu um corredor humanitário para Gaza que, segundo ela, poderia levar a um cessar-fogo. Reino Unido e Alemanha pediram que o Exército de Israel se contenha, e a Itália disse que era importante evitar uma escalada.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que o principal objetivo da cúpula era “ouvir uns aos outros”.
CESSAR-FOGO
A reunião tinha o objetivo de explorar como evitar uma guerra regional mais ampla. Mas diplomatas sabiam que um acordo em público seria difícil por causa das sensibilidades em torno de pedidos por cessar-fogo e sobre incluir menção ao ataque do Hamas e ao direito de Israel de se defender.
Estados árabes temem que a ofensiva possa retirar permanentemente os habitantes de Gaza de suas casas e até levá-los aos países vizinhos - como quando os palestinos fugiram ou foram forçados a deixar suas casas na guerra de 1948, após a criação de Israel.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, disse que seu país é contra o que ele chamou de deslocamento de palestinos para a região do Sinai, predominantemente desértica, acrescentando que a única solução era um Estado palestino independente.
A Jordânia, casa de muitos refugiados palestinos e seus descendentes, teme que um conflito mais amplo dê à Israel a chance de expulsar palestinos em massa da Cisjordânia.