Por Aradhana Aravindan e James Mackenzie
(Reuters) - Enchentes letais que colocaram a vida de cabeça para baixo na China e na Alemanha foram um lembrete forte de que as mudanças climáticas estão tornando o clima mais extremo em todo o planeta.
Pelo menos 25 pessoas morreram na província chinesa de Henan na terça-feira, incluindo 12 que ficaram presas em uma estação do metrô, após as águas devastarem a capital regional Zhengzhou, em dias de chuva torrencial.
Depois das enchentes que mataram pelo menos 160 pessoas na Alemanha e mais 31 na Bélgica semana passada, o desastre na China reforçou a mensagem de que são necessárias mudanças significativas para se preparar para eventos similares no futuro.
"Os governos primeiro precisam perceber que a infraestrutura que construíram no passado ou mesmo em tempos mais recentes são vulneráveis a esses eventos de clima extremo", afirmou Eduardo Araral, professor associado e co-diretor do Instituto Water Policy, na Escola de Política Pública Lee Kuan Yew, em Cingapura.
Com a atmosfera aquecendo por causa das mudanças climáticas, ela também retém mais umidade, o que significa que, quando as nuvens de chuva quebram, mais água é liberada. Até o fim do século, tempestades assim podem ser 14 vezes mais frequentes, segundo um estudo publicado em 30 de junho pelo periódico Geophysical Research Letters, usando simulações de computador.
Embora a inundação que devastou faixas do oeste e do sul da Alemanha tenham acontecido a milhares de quilômetros dos eventos em Henan, os dois casos sublinham a vulnerabilidade de áreas altamente populadas a enchentes catastróficas e outros desastres naturais.
"Você precisa de medidas técnicas, reforçar diques e barreiras contra inundações. Mas também precisa remodelar as cidades", disse Fred Hatterman, do Instituto Potsdam para Pesquisas do Impacto do Clima. Ele disse que há um foco maior nas chamadas medidas de "adaptação verde", como pôlderes e planícies, para impedir a água de correr muito rapidamente.
"Mas quando houver chuva realmente forte, tudo isso pode não ajudar, então temos que aprender a lidar com a situação", disse.
(Por Aradhana Aravindan em Cingapura e James Mackenzie em Milão; reportagem adicional de Ann-Kathrin Weis em Ahrweiler, Maria Sheahan em Berlin)