Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) soma 47% das intenções de voto na disputa pelo Palácio do Planalto, à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL), que contabilizou 32%, apontou pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, que apresenta uma redução da distância entre os dois principais candidatos.
A vantagem numérica do petista diminui para 15 pontos percentuais nesta primeira pesquisa após o início oficial da campanha eleitoral. Na última sondagem do instituto, em julho, essa diferença era de 18 pontos percentuais --Lula contava com os mesmos 47% da preferência eleitoral, enquanto Bolsonaro marcava 29%.
O levantamento foi realizado entre terça-feira e esta quinta, após o início do pagamento do Auxílio Brasil com valor ampliado --de 400 para 600 reais, até dezembro deste ano-- e em meio à ofensiva da campanha de Bolsonaro para ampliar sua aceitação no segmento evangélico, iniciativa que tem contado com a intensa participação da primeira-dama Michelle e forte atuação nas redes sociais. Houve ainda incisiva atuação do presidente para demonstrar que combate a alta de preços dos combustíveis.
Ainda assim, Lula mantém a possibilidade de sair vitorioso das urnas já no primeiro turno, de acordo com a pesquisa, com 51% dos votos válidos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista venceria por 54% a 37%, um placar mais apertado em relação a julho, quando era de 55% a 35%.
ESTACIONADOS
No chamado segundo pelotão, bem atrás dos líderes, apesar do esforço para se colocarem como uma alternativa aos dois principais concorrentes, o Datafolha traz o candidato do PDT, Ciro Gomes, com 7% (em julho eram 8%), seguido da senadora Simone Tebet (MDB), que manteve 2%, e Vera Lúcia (PSTU), que manteve 1%.
Pelos números apresentados, fica mais evidente a percepção de baixa viabilidade eleitoral da chamada terceira via, uma vez que os candidatos desse pelotão não conseguiram empolgar o eleitorado até o momento.
A sondagem já não traz mais o nome do deputado André Janones (Avante), que abriu mão de sua candidatura para apoiar Lula. A adesão do parlamentar é encarada como estratégica, já que a desenvoltura de Janones nas redes sociais pode impulsionar a campanha de Lula em uma área pouco dominada pelo ex-presidente.
Há ainda o levantamento dos que responderam votar em branco ou nulo. Essa parcela se mantém em 6%, mesma fatia apurada em julho. Outros 2% disseram ainda não saber em quem votar, ante 3% na última pesquisa.
Dentro do eleitorado evangélico, que representa 25% na amostra da pesquisa, Bolsonaro conseguiu avançar de 43% para 49%, enquanto Lula passou de 33% para 32%.
Já entre as mulheres, a investida de Bolsonaro não surtiu muito efeito, e o presidente oscilou de 27% para 29%, enquanto Lula variou de 46% para 47%.
Entre os mais pobres, aqueles que ganham até 2 salários mínimos, o presidente manteve os 23% que havia conquistado na rodada anterior, o que indica que o Auxílio Brasil de valor ampliado ainda não teve impacto. Nesse segmento, Lula oscilou 1 ponto para cima, a 55%. A margem de erro específica desse grupo é de 3 pontos percentuais.
O Datafolha registrou ainda que 51% não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro --em julho eram 53%-- e 37% demonstraram rejeição ao nome de Lula, ante 36% na pesquisa anterior.
Também foi levantada a avaliação do presidente. Para 30% dos entrevistados, o governo é ótimo ou bom (ante 28% na pesquisa anterior), índice mais alto desde março de 2021. Já 43% o avaliam como ruim ou péssimo (ante 45% em julho).
O Datafolha entrevistou 5.744 pessoas em 281 cidades do país.