BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta manhã e defendeu investimentos para que a economia volte a crescer.
"Hoje foi publicado os dados do último trimestre do ano. A economia não cresceu nada, nada no ano passado. O desafio que temos agora é fazer a economia voltar a crescer. E temos que fazer investimento", disse o presidente durante a cerimônia de lançamento do novo programa Bolsa Família.
Os dados do PIB divulgados nesta quinta mostram que o PIB cresceu 2,9% em 2022, mas caiu 0,2% no último trimestre, em relação ao período de julho a setembro, mostrando a primeira retração do ano.
Lula defendeu investimentos públicos e a retomada de obras como um dos motores para fazer a economia crescer. O Bolsa Família, disse, não vai resolver o problema do país. É apenas um início, para garantir alimentação.
"Tem que vir uma política de crescimento econômico de geração de emprego e transferência de renda através de salário, que é o que importa para o trabalhador", defendeu.
Lula destacou que o governo já autorizou o investimento de 23 bilhões de reais em obras de infraestrutura este ano, mais do que nos quatro anos anteriores.
"Só vai gerar emprego se a economia crescer, e a economia para crescer é preciso que haja investimento privado. E se não houver investimento privado, que haja investimento público", afirmou. "Não é que a gente quer que o Estado faça as coisas que o privado tem que fazer, mas se o governo federal não investir dinheiro como indutor de desenvolvimento nada vai acontecer."
O governo tem no horizonte a possibilidade de uma desaceleração econômica neste ano, mas aposta em uma injeção de recursos públicos na economia para reverter esse quadro.
De acordo com a mais recente pesquisa Focus com economistas realizada pelo BC ainda antes da divulgação dos dados do PIB do quarto trimestre, os mercados calculam que a economia brasileira crescerá este ano 0,84%, indo a 1,50% em 2024.
Analistas ressaltaram que os números do PIB reforçam a percepção de desaceleração da economia em 2023, mesmo diante de fatores favoráveis à atividade, como a expectativa de uma safra recorde de grãos e o aumento dos benefícios sociais e do salário mínimo.
O Ministério da Fazenda destacou em nota a política monetária "significativamente contracionista" como obstáculo ao crescimento, assim como o setor externo, mas apontou expectativa de recuperação diante da safra recorde e de medidas do governo.