Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - A Corte Arbitral do Esporte (CAS) começou a julgar nesta terça-feira o caso de doping da patinadora artística russa Kamila Valieva, um escândalo que abalou o esporte e lançou uma sombra sobre o já criticado sistema antidoping de seu país.
Dezenove meses depois que Valieva ajudou o Comitê Olímpico Russo (ROC) a ganhar o ouro no evento de equipe nos Jogos de Inverno de Pequim 2022, apesar de ter testado positivo para uma substância proibida, os concorrentes dela ainda aguardam justiça.
"Dado o atraso significativo, a justiça parece ter sido derrotada porque os atletas -- incluindo a própria Valieva, a equipe russa e as outras equipes que poderiam obter medalhas -- não tiveram sua cerimônia de premiação", disse o presidente-executivo da Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada), Travis Tygart, à Reuters.
"Não é possível tentar substituir o que foi perdido pelos atletas que neste momento estão segurando caixas de medalhas vazias."
Valieva tinha 15 anos quando se tornou a primeira mulher a completar um salto quádruplo nas Olimpíadas no evento por equipe.
Um dia depois, descobriu-se que a adolescente havia testado positivo para trimetazidina, projetada para prevenir angina, no campeonato nacional russo em dezembro de 2021, poucas semanas antes dos Jogos Olímpicos.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou Valieva a participar do evento individual feminino apesar de seu teste positivo, mas disse que as medalhas para o evento por equipe não seriam distribuídas até que seu caso fosse resolvido.
A comissão disciplinar da agência antidoping russa (Rusada) concluiu que Valieva havia cometido uma violação pela qual ela não teve "culpa ou negligência"
Ela não foi punida, mas seus resultados do campeonato nacional no dia em que testou positivo foram anulados.
A Rusada, a Agência Mundial Antidoping (Wada) e a União Internacional de Patinação (ISU) estão contestando essa decisão na mais alta corte do esporte, a CAS, em Lausanne, Suíça, em audiência de três dias.
A Rusada disse que está buscando "as consequências apropriadas" para a violação da patinadora, enquanto a Wada quer um banimento de quatro anos para Valieva, que inclui a anulação de seus resultados de Pequim. Isso efetivamente negará ao ROC a medalha de ouro no evento por equipes.
A ISU também quer que Valieva seja banida pela violação.
"Queremos um resultado justo para o caso, com base nos fatos", disse o porta-voz da Wada James Fitzgerald em um comunicado.
Valieva e representantes da Rusada não viajarão para Lausanne para serem ouvidos pelo tribunal, aparecendo por meio de um link de vídeo.
A CAS disse que não estava claro quando a decisão será anunciada.
(Reportagem adicional de Steve Keating e Aadi Nair)