(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu neste sábado que o governo vai "civilizar" o tratamento aos povos indígenas, além de acabar com o garimpo ilegal nas florestas que prejudica a saúde dos moradores das aldeias.
As declarações foram feitas após o presidente visitar, em Boa Vista, a Casa de Saúde Indígena Yanomami, um dia depois de o Ministério da Saúde ter declarado emergência de saúde pública para enfrentar o que classificou de desassistência à população yanomami.
"É desumano o que eu vi aqui", disse Lula, ao relatar que esteve com crianças muito magras e ouviu muitas reclamações de indígenas sobre a dificuldade de retornar às suas aldeias e também sobre a alimentação disponível.
"É importante as pessoas saberem que esse país mudou de governo e o governo agora vai agir com a seriedade no tratamento do povo que esse país tinha esquecido", disse Lula.
O presidente disse que uma das primeiras providência deve ser melhorar as condições de transporte para que os índios que assim o queiram possam voltar às suas aldeias. Ele também disse que o governo deve estruturar o tratamento aos povos indígenas com médicos viajando às aldeias, ao invés de os indígenas terem que ir às cidades.
O presidente frisou, ainda, que o garimpo ilegal será eliminado. "Eu sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal. Eu sei que já se tentou tirar outras vezes e eles voltam, sabe, mas nós vamos tirar. Lamentavelmente eu não posso dizer para vocês até quando, mas nós vamos tirar."
Decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União na sexta-feira instituiu um comitê de enfrentamento da crise sanitária da população yanomami, que terá 45 dias para apresentar um plano de ação.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que estava na comitiva de Lula em Boa Vista com outros ministros, afirmou, ao lado do presidente, que o governo vai tomar "todas as medidas cabíveis" para resolver os problemas constatados.
"Precisamos também responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de a gente chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de criança e crianças em uma situação de pele e osso", disse a ministra
Reportagem publicada na sexta-feira pela plataforma Sumaúma com base em dados exclusivos revelou que o número de mortes de crianças com menos de 5 anos por causas evitáveis aumentou 29% na Terra Yanomami. Foram 570 pequenos indígenas mortos nos últimos quatro anos por doenças que têm tratamento.
(Por Isabel Versiani)