(Reuters) - A representante de Mianmar no Miss Universo, Thuzar Wint Lwin, usou o concurso de domingo para pedir ao mundo que se manifeste contra a junta militar, cujas forças de segurança mataram centenas de opositores desde que tomou o poder no golpe de 1º de fevereiro.
"Nosso povo está morrendo e sendo baleado pelos militares todos os dias", disse ela em uma mensagem em vídeo para a competição, onde apareceu na final que aconteceu no Seminole Hard Rock Hotel & Casino, em Hollywood, Flórida.
"Gostaria de pedir a todos que falassem sobre Mianmar. Como Miss Universo Mianmar desde o golpe tenho me manifestado o máximo que posso", disse ela.
O porta-voz da junta militar de Mianmar não respondeu a ligações pedindo comentários.
Thuzar Wint Lwin está entre dezenas de celebridades, atores, influenciadores da mídia social e esportistas de Mianmar que se manifestaram contra o golpe, no qual a líder eleita Aung San Suu Kyi foi derrubada e detida.
Pelo menos 790 pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde o golpe, segundo o grupo de ativistas da Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos. O grupo diz que mais de 5.000 pessoas foram presas, com cerca de 4.000 ainda detidas --incluindo várias celebridades.
Thuzar Wint Lwin não chegou à última rodada do concurso de Miss Universo, mas ganhou o prêmio de Melhor Traje Nacional, que foi baseado no traje étnico de seu povo Chin do noroeste de Mianmar, onde combates entre o Exército e integrantes de milícias contra a junta têm sido travados nos últimos dias.
Ao desfilar com seu traje nacional, ela ergueu um cartaz que dizia "Orem por Mianmar".
A vencedora da 69ª edição do concurso de Miss Universo foi a Miss México Andrea Meza, enquanto a brasileira Julia Gama ficou em 2º lugar na competição.
(Por Matthew Tostevin)